sábado, dezembro 29, 2007

big bye bye

Just another hiatus.
See ya.

domingo, dezembro 23, 2007

the good wife

Ontem fui a boa esposa. Prometi não beber mais que os amigos dele e não ser grosseira com as esposas de borracha deles. Fui simpática. Sentei no chão para conversar, puxei assunto, prendi a cachorra e fui gentil. Não torci o nariz. Foi bom.

Esperei eles irem embora para catar os pedaços, dar banho, vestir a roupa enquanto ele corria pelado. Arrumei a cozinha. Ouvi blues. Terminei a cerveja e preparei os remédios para a ressaca. Coloquei até a garrafa de água ao seu lado. Foi bom.

Fui a boa esposa.
Fiquei feliz.

sexta-feira, dezembro 21, 2007

the bigger the tree...

Sempre que o meu irmão leva/dá um pé na bunda ele vai embora deixando muitas coisas. Às vezes eu sinto falta das mulheres dele, noutras comemoro com champagne. Mas na realidade quem sempre sai ganhando sou eu, não importando a alegria ou a tristeza que é deixada. Ano passado eu ganhei a Frida, esse ano acabo de ganhar isso:




Só que eu ainda não estou certa se gostei ou não.
Ainda estou um tanto paralisada/chocada com o tamanho da coisa e me perguntando porque ele precisa ser megalomaníaco até no tamanho da árvore de natal. Quando eu aceitei pelo telefone não fazia idéia do tamanho. E fiquei triste ao imaginar uma árvore de natal novinha jogada no lixo. Ia ser poético, mas não resisti. Agora sempre que encontro e literalmente esbarro com ela sempre que me locomovo pela casa temo que esquilos saiam de dentro dela e me ataquem.

Terei pesadelos esta noite e terei medo de ir ao banheiro.

mudei de novo

E lá vamos nós.

Henry Miller - Trópico de Câncer.

"Bom, vou juntar essas páginas e me mudar. As coisas acontecerão em outro lugar. Sempre acontecem. Parece que para onde quer que eu vá, tem drama. As pessoas são como piolhos, entram na sua pele e grudam. A gente se coça até sangrar, mas nunca está totalmente despiolhado. Em todo canto aonde vou, as pessoas estão criando uma confusão. Cada um tem a sua tragédia pessoal. Está no sangue agora: a infelicidade, o tédio, a aflição, o suicídio. O ambiente está cheio de problemas, frustração, futilidade. Coce sem parar até não sobrar mais pele. Mas o efeito em mim é hilariante. Em vez de desanimar ou ficar deprimido, eu gosto. Cada vez choro por mais problemas, por calamidades ainda maiores, por fracassos ainda maiores. Quero que o mundo inteiro se arrebente, quero que todos se cocem até morrer".
Ando tendo sonhos estranhos, dores estranhas e vontades esquisitas. Ando dormindo a tarde inteira e a noite também e lendo livros diferentes e com a sensação de que algo larger than life se aproxima. Não sei o que é, mas gosto assim.

quinta-feira, dezembro 20, 2007

all we need is love

Sagitarianos são tortos. Sagitarianos, eu não gosto deles. Sagitarianos são meio estúpidos e sagitarianos são meio malucos. Nascemos pequenos ditadores que não aceitam podas nas asas.
Eu não acredito em nenhuma dessas baboseiras.
Mas no meu mundo de sagitarianos há apenas um que eu amo. Mas ele é um falso sagitariano. Sempre lhe digo.

E é impossível falar dele. É impossível porque eu não sei explicar. É nosso. Somos nós. É a nossa freqüência. Sou eu e é você. Está no nosso travesseiro. Esta nos nossos genes. Somos nós. Está na água que bebemos. It’s the special way we fuck.

Eu nunca acreditei.
Achava medíocre, triste e absolutamente impossível.
Agora uso vestidos de verão e procuro sua aprovação a cada passo que tomo.
Você veio e mostrou que não.
Colou as veias. As artérias voltaram a pulsar. Eu virei eu. Apenas para te dar tudo o que era meu. Você juntou os cacos, fez os remendos e deixou tudo bonito.

Eu parei de plantar musgos e caramujos.
Somos nós.
Está na obsessão de contar os teus cílios quando você não está olhando.
Esta na tua mão,
Na minha.

segunda-feira, dezembro 17, 2007

TODAY

Acordei sem vontade de acordar.
Queimei os dedos todos na panela fervendo. Rapaz como isso dói. Arde.
Matei uma barata que estrebuchava no chão da cozinha. Ouvi o estalido rompendo a carapuça dura, sai de cima. Limpei o mijo da cachorra e a coloquei de castigo no quintal. Pensei em não ir trabalhar, mas já havia perdido o sono.
Cheguei atrasada e ruminei. Ouvi o estalido da minha carapuça dura se rompendo e continuei.
Meio dia eu estava de volta.
Havia comprado cigarros, cerveja, colocado uma roupa para lavar, assistido a um filme e lido algumas páginas de um livro.
Arrastei correntes pela casa esperando ele chegar e me dar um sentido.
Esse é um dia como outro qualquer.

Captain's Log : Star date 15/12/2007

Pessoas na minha casa.

Eu: troquei o nome dos ex namorados, sapateei na cerveja, menti, falei a verdade, exagerei, peguei na mão, fiz biquinho, bebi e borrei a maquiagem. Ganhei presentes que amei. Tirei a roupa, mostrei na webcam (?), apaguei e no dia seguinte antes da ressaca me pegar, já estava novamente com o copo na mão. O que eu posso fazer se essa é a minha noção de felicidade? Alguns fazem tricô, outros escalam montanhas, uns correm atrás de amores impossíveis e ainda há aqueles que adoram bisbilhotar e imitar a vida dos outros por total falta de vida interior. Gente insossa, bege, longe de mim.

A minha noção de felicidade é essa. São poucos amigos que me fazem rir, me enchem o copo, nenhum dinheiro no banco, economias para as minhas viagens, planos que são refeitos de semana em semana, eu e ele. E fim.

Eu e ele e veremos o que o mundo guarda para mim.

E vamos embora.
Porque eu quero muito.
E tenho tudo nas minhas mãos.

sexta-feira, dezembro 14, 2007

Filosofia de vida

::Tatiana diz:
vc vive offline, troço.
r diz:
ai. essa é a minha vontade de sociabilizar. dura quinze minutos, eu envio emails e volto correndo para a minha casca.
::Tatiana diz:
vc tem problemas. temos problemas.
::Tatiana diz:
eu so quero beber e dormir.
r diz:
essa é uma boa vida.

jammed

Estou cansada de ser uma pessoa bagunceira. Prometi que eu não seria mais assim. Eu me esforço. Mas já estou tropeçando em garrafas, roupas, discos e livros. Eu arrumo todas as noites, mas volto. O João reclama porque é organizado. Eu inicio mil tarefas sem terminar nenhuma. Eu me sento aqui, fumo um cigarro, escrevo e bloqueio. Eu me lembro quando conseguia escrever 15 páginas por noite e sentir tudo aquilo que eu escrevia. Agora não acontece mais assim. Estou podando as minhas asas e não gosto disso. Estou me sentindo imprensada num copo de requeijão. Minha mente está completamente fechada para mim mesma

quinta-feira, dezembro 13, 2007

obrigada, chuva.
cansei da minha cara aqui.

quarta-feira, dezembro 12, 2007

happy birthday no one cares

Não se espantem se vocês receberem um email os convidando para o meu aniversário esse ano. Eu não tenho sequer amigos para convidar para o meu aniversário, mas esse ano, dado que o meu espirito Grinch anda demorando a dar as caras, achei que podia ser legal receber pessoas e tomar cervejas e conversar.

É claro que só vão aparecer aqueles que eu farei chantagem emocional, biquinho e que estão sentados a minha direita desde que o mundo é mundo. Queria mesmo era ser rica e mandar todo mundo do Paraná pegar um avião e vir pra cá. BH também. SP. Os cariocas não são meus amigos. Eles não gostam de mim.

Bem, who cares? Eu também não gosto deles.

terça-feira, dezembro 11, 2007

Black Tangled Heart

Eu tenho 25 anos. Daqui há 6 dias avançarei mais um ano. Paro por aqui. Jamais mencionarei a minha idade novamente. Morro de medo de não passar dos 27. Sempre achei que fosse ser assim. Mas a questão é que eu tenho 25 e avançarei mais um ano semana que vem. Se eu avançar dos 27 tenho certeza de que irei até os noventa e sete sentada na minha varanda, cuspindo fumo, tomando rum e apavorando a criançada da vizinhança. Vou ter uma pata gorda como animal de estimação e João ainda para massagear meus pés.

Fui retirada a fórceps. Fui trazida ao mundo antes que as dores do parto tomassem conta de mamãe. As dores viriam depois, 25 anos de puro prazer em ser a minha mãe. Isso não foi uma coisa fácil. De pessoas com problemas-em-controlar-o-temperamento já lhe bastava papai. Mas ela me teve. E me aturou. E me atura. E compra jabuticabas para mim e me obriga a almoçar na casa dela de vez em quando. Ela sabe que se depender de mim eu como queijo e gelatina com cerveja para sempre.

Mas o caso é que eu tenho 25 anos e já passei da fase de ter vergonha das coisas que eu gosto. E vocês sabem que os meus amores tendem a ser eternos. Só não são porque eu não sei perdoar. Não sou boa com perdão. Mas se não houver motivo para perdão carrego meus amores para sempre. Nesse black tangled heart há espaço de sobra. Mesmo que sempre insistam em partir dele. Eu sofro. Mas agüento porque minhas costas são fortes e não se quebram com facilidade.

Mas eu dizia que já passei da fase de sentir vergonha pelas coisas que amo. Já disse publicamente que gosto do George Michael e danço com o for the feet e choro pelo for the heart.

E isso tudo me leva a organização dos meus cds hoje de tarde. Sentada no chão com os cabelos pro alto e chorando sem saber o que fazer com todos aqueles cds e nenhum móvel ou gaveta para entulhar. O João é o cara que tem os cds mais legais do mundo. Uma grande variedade de conhecidos e muitos desconhecidos. Vamos lá, o rapaz já escreveu para uma revista de música e na minha opinião coruja os textos dele eram os mais legais.

Olhando os meus cds encontrei um que vem a ser todo o meu motivo de perda de vergonha na cara.

Silverchair.

Já comentei isso um dia. Acho que já confessei bêbada num quartinho escondido que eu estava no segundo ano da escola quando ouvia Silverchair desesperadamente e achava o Daniel Johns um gatinho lindo. Queria criar apesar de sermos praticamente da mesma idade. Mas eu queria criar. Eu sou uma alemã fajuta, sou italiana. Sou mama. Sou escandalosa e sonhava em ser voluptuosa. Dentro de mim mora essa mulher.

Silverchair sempre foi um amor bandido. Eu não queria que os outros soubessem desse meu amor. Não. Eu era a garota esquisita que ouvia coisas legais e jamais perderia tempo com uma bandinha tão teen, tão cópia, tão boba, sem nada a oferecer.

Pois então.
Silverchair.
Vim desabafar.
E agora por pensar que não tenho mais vergonha, porque já passei dessa idade, vim dizer queouvi a tarde inteira e fiquei cantando todas as canções não-esquecidas lá no fundo da minha memória de elefante que eu me orgulho em ter.

Mas agora, sinto que a vergonha voltou, e eu vou ali lavar o banheiro, tomar cerveja, ouvir Silverchair no escuro e reviver.

segunda-feira, dezembro 10, 2007

Nothing

Definitivamente não sou uma pessoa da tarde. Eu funciono bem de manhã e bem a noite, mas o horário entre 13 e 17 me mata. Eu estou em casa. Eu preciso ir ali comprar coisas na rua e fazer cópias da minha chave e parar de ir embora e deixar a porta aberta porque a outra cópia desapareceu. Mas o chaveiro é distante e eu não quero caminhar nesse sol. Eu não quero fazer nada nesse sol. Alguém quer?


Tudo o que eu tenho na minha geladeira são três cerejas, queijo e meio biscoto bono.

Depressão.

sábado, dezembro 08, 2007

para ana g.

1º) Pegue um livro próximo (PRÓXIMO, não procure);
2º) Abra-o na página 161;
3º) Procure a 5ª frase completa;
4º) Poste essa frase no seu blog;
5º) Não escolha a melhor frase nem o melhor livro;
6º) Repasse para outros 5 blogs.


"I sat on the couch in the dark still unable to belive what I had seen"



Charles.


Amaldiçôo:

1. Dani.
2. Tati.
3. Deni.
4 e 5: quem mais vem aqui?

para amanda




sexta-feira, dezembro 07, 2007

fico exposta aos meus pensamentos e fico louca.
é bom.
Eu sabia que um dia a gente se arrependeria de ter tantos livros/roupas/cds.

Toureando




Você viu o clipe novo do White Stripes?
Conquest?
É.
Não.
É legal. Jack White é um toureiro que no meio da tourada fica com pena do touro.
E?
Ele acaricia o touro e no fim o touro mata ele.
É uma boa metáfora.
Não é?
Você sabe que está acariciando o touro, não sabe?
Sei.
Bom.

terça-feira, dezembro 04, 2007

here it comes..... you know what

Enlouquecida.
Rangendo os dentes e deixando todo mundo louco.
Toca a campainha e eu corro dentro de casa esbarrando nos móveis e cultivando os hematomas nas coxas. Na boa, não prometa NADA para uma pessoa como eu. Eu sou terrível. Eu pareço criança esperando os convidados no dia do aniversário. Eu fumo mil cigarros, eu rôo as unhas que costumavam ser impecáveis, eu ligo para o João quinze vezes para reclamar. Eu ligo para todo mundo para reclamar. Só fico satisfeita quando toda a minha agenda do celular sabe pelo que eu estou passando. E dá-lhe chá de camomila, água com açúcar, príncipe valium e whisky barato. Nada. Eu checo se o interfone está no gancho mil vezes. Nada. Eu ligo para mim mesma para ver se o celular está dentro da área de cobertura. Nada. Eu puxo assunto com os vizinhos para justificar minha monitoria na varanda.

Grito o nome de qualquer um embaixo da mesa três vezes.
Nada.
Seis horas.

Ele não vem.

Ele me ligou quinze vezes dizendo que vinha.
Ele não veio.

Eu fico puta. Ligo pra companhia xingando toda a geração de entregadores, mando enfiar em qualquer orifício. Sou bem boa em mandar os outros fazerem isso.

Moço, NUNCA prometa para uma pessoa ligada em 220 na tomada da ansiedade e não cumpra. Essas pessoas enlouquecem. Saem da pele. Soltam fogo por qualquer buraco aberto. Qualquer.

Eu estou esperando.
Eles ficaram com medo de mim.
Amanhã às 7 da manhã prometeram.
Preparo a espingarda.
Vou para a porta.
Espero.
Nada.

segunda-feira, dezembro 03, 2007

cianureto

Eu asso o meu bolo com um vidro de fermento e outro de cianureto.

sexta-feira, novembro 30, 2007

I want you

Isso me persegue. Essa música é dona de um grande pedaço de mim.

Eu preciso dormir.

quinta-feira, novembro 29, 2007

Arrumar a vida, pôr prateleiras na vontade e na ação.
Quero fazer isto agora, como sempre quis, com o mesmo resultado;
Mas que bom ter o propósito claro, firme só na clareza, de fazer qualquer coisa!
Vou fazer as malas para o Definitivo.

i'm set free

O pior já passou, agradeço.
Agora posso respirar.
Agora que um objetivo está tocando a ponta dos dedos eu começo a baixar a guarda e sorrir pro mundo. Sim, eu sorrio e bastante quando as coisas estão saindo da exata forma que eu quero. Controladora dos infernos, não sei deixar a direção na mão dos outros. Não, nunca. Eu gosto de estar no comando de tudo.

No exato momento eu amo todo mundo. Eu quero abraçar árvores, ser boa e sorrir para bebês. Baixou a jovem de nobre coração. Só até eu me transformar no texugo mal humorado que estou tão habituada. É que tanta coisa está funcionando – e eu não estou habituada a isso, eu sou uma boxeadora, estou sempre com a guarda levantada, eu espero o golpe. Mesmo assim nunca aprendi a não me jogar de cabeça nas situações. Nem sei se quero.

Sou sagitariana e adoro a idéia da minha casa dentro da minha mochila, mas também preciso desesperadamente daquele canto solitário. Preciso de paz. Preciso de um quintal e de ficar sozinha comigo. Eu preciso de paz externa para balancear o caos interno. Eu preciso organizar as idéias e escrever cartas para mim mesma e deixar os pesadelos na soleira. Eu preciso de uma vitrola soando no fundo, a nina cantando “I want a little sugar in my bowl”, um copo cheio, a cachorra nos pés e ele zanzado para lá e para cá orbitando.

Uma chuva de confetes na minha cabeça, margaridas irão me servir.
Eu lhe contarei todos os meus segredos, mas mentirei sobre o meu passado.

terça-feira, novembro 27, 2007

IT'S ALL OVER OVER OVER BABY!!!!!

Em outubro de 2006 eu e João surtamos com a oportunidade de não pagar nem aluguel nem condomínio e ainda termos uma vaga na garagem. O mundo seria perfeito e todos os nossos problemas estariam resolvidos num passe de mágica tcha-tchin. O maior problema do paraíso era a grande reforma que teria que ser feita. As paredes estavam fracas, ocas, os pisos e os móveis datavam de 1921 e as baratas e os cupins eram amigos e vizinhos de longa data. Então, quando acabamos de fazer a limpeza e jogar tudo fora – e quando eu digo tudo eu digo t-u-d-o inclusive as baratas e os cupins e o cadáver da minha bisavó que morava num armário – nós entramos em obra. Era 3 de março de 2007. Obra que é obra nunca tem prazo para acabar, mas eu me enganei dizendo que em junho TUDO estaria resolvido. Tolinha. Desde então o ano vem se arrastando em poeira, marretadas às 6 da manhã, caminhões de entulho, mais poeira e sujeira, minhas coisas reclusas num quartinho intocado e amontoado de caixas e livros e mais livros, e o meu guarda-roupa montado na sala de jantar da casa dos meus pais arruinando a decoração. A vida de todo mundo virou de cabeça para baixo. Em março eu era a senhora neurótica que media os interruptores me certificando de que eles estavam a 90° do solo, em perfeito alinhamento com o teto e chão e o panorama. Hoje eu sinto a urgência de subir num prédio com um rifle todas as vezes que me perguntam o que eu acho da parede nova e lisinha como bunda de neném. Todos os dias eu saio de casa para o trabalho tropeçando nos sacos de entulho, desaparecendo na bruma que se forma dos milhares de pacotes de cigarro Oscar e Derby fumados e me despeço do Walter e do Manoel, os pedreiros que penduram suas cuecas no banheiro e que eu estou quase convidando para passar o natal e serem padrinhos dos meus filhos, com pouca esperança. Ontem fiquei meia hora na cozinha dos meus pais ameaçando me matar se eles não me ajudassem a agilizar esse processo. Porque parece que eu estou num livro do Kafka presa numa situação que não consigo ir nem pra frente, nem pra trás e ninguém sabe me dizer quando acaba, quando começa, o que é e o que esperar. Daqui a pouco se completa um ano que não acordo numa cama de verdade e não preciso pensar: Será que hoje estamos mais perto de acabar do que ontem?

O que parecia impossível se concretizou, a obra ACABOU. É oficial. Peraí que eu preciso ir ali ficar quatro meses bêbada.

segunda-feira, novembro 26, 2007

sinner woman

Oh, sinner man, where you gonna run to?
Oh, sinner man, where you gonna run to?
Oh, sinner man, where you gonna run to?
Oh, sinner man, where you gonna run to all on that day?

sexta-feira, novembro 23, 2007

tango till i'm sore

O ano acabou.
Para mim acabou.
Muita coisa ainda está para acontecer, eu sei. Compromissos e compromissos para esses últimos dias, mas lá dentro, dentro de mim, 2007 acabou.
Minha vizinha arrumou a árvore para os filhos pequenos. Eles eram pura alegria. Eu arrumei meus armários e joguei tudo fora. Acordei louca, arranquei tudo de dentro, espalhei pelo chão. Dei as minhas roupas, dei as roupas do João. Já não guardo nada que não me sirva. Me arrependi de ter queimado meus diários da pré-adolescência, mas não sinto falta deles. Eu quero que 2008 seja repleto de espaço para coisas novas.

Senti que o meu pior ciclo chegou ao fim. O meu ciclo de confusão e cinzas, e chegou ao fim com direito a pá, cova e terra.

Muitas confusões ainda virão porque eu sou eu e sempre serei. Mas o que me vem agora eu não conheço, e é desse jeito que eu gosto, olhar pra frente e não ver direção. É nesse estado que me acho.

De 2007 fica a minha viagem a Buenos Aires, parte fundamental de muitas coisas que foram brotadas, a obra maldita que me pôs suspensa no ar sem rede de proteção por 8 meses, as cordas pobres de sustentação que se romperam dentro de mim, o fim do meu ostracismo absoluto e a sorte de encontrar conexões inexplicáveis e amizades próximas e distantes que me olham no olho, seguram na minha mão e riem da cara do mundo. E principalmente o papel principal e até maior que o meu que Ele tem.

Hoje é 23 de novembro e eu estou satisfeita.

Aguardando as páginas dos próximos capítulos.

i wear black on the outside because i feel black on the inside

já me matei faz muito tempo
me matei quando o tempo era escasso
e o que havia entre o tempo e o espaço
era o de sempre
nunca mesmo o sempre passo
morrer faz bem à vista e ao baço
melhora o ritmo do pulso
e clareia a alma morrer de vez em quando
é a única coisa que me acalma

quinta-feira, novembro 22, 2007

i gave my life to a simple chord

Comprar um celular walkman com bastante memória para as minhas músicas foi a minha decisão mais sábia. Eu interpreto canções. Eu gosto de musicais. Eu acho normal querer dançar pelas ruas e sapatear na chuva. Qual é? i gave my life to a simple chord. Eu às vezes esqueço da música, mas ela sempre volta mais forte na minha vida. Em breve terei um mini estúdio no centro da minha sala de estar. Porque eu preciso cartasear, eu preciso cantar e compor nem que seja para cantar no chuveiro. Eu preciso dar as minhas interpretações para canções dos outros. Eu preciso chorar com ela. Eu preciso ser assim.

Quem gostou mesmo do celular walkman foram os meus amigos de trabalho. Agora eles possuem provas irrevogáveis de que sou louca de pedra e que me empregaram por pena.

segunda-feira, novembro 19, 2007

alien inside

Feriado prolongado. Eu de pernas pro ar. Mas sem paz, nenhuma paz. Eles trabalham e trabalham e dão as últimas marretadas. Eu feliz e ansiosa ao mesmo tempo. Comprando coisas, finalizando histórias, bebendo pra relaxar, escrevendo no escuro para catarsear. As coisas estão prestes a chegar exatamente onde eu queria.

brother in arms

Uma mulher pode destruir um homem se ela desejar. E ela pode fazer isso silenciosamente sem ele nem se dar conta. Eu não sou nada feminista nem acredito em mulheres super pra frente que acham que ser moderna e cool e in é se portar como os homens - isso não me parece lá muito inteligente. Mas eu acredito em homens que são aniquilados por mulheres (na verdade em mulheres aniquiladas por homens, homens aniquilados por homens e mulheres aniquiladas por mulheres também).

Principalmente quando deixamos. Porque a gente sempre deixa ser aniquilado por alguém ou por alguma coisa e a gente sempre sabe, mesmo que finjamos não saber. No caso o indivíduo em questão faz tudo de errado, tudo pela metade, tudo da forma mais burra e "esperta" possível (eu também odeio pessoas "espertas" mas isso fica para depois), influenciado por uma mulher aniquiladora. E depois que as coisas se transformam em inferno ele culpa a má sorte, o olho gordo, a inveja. Nunca a mulher.

Por mais que ninguém nos obrigue a fazer nada é fato que existem pessoas-tijolo que se grudam nos nossos calcanhares e nos levam para o fundo do oceano. Não cabe a nós segui-las ou curá-las, mas simplesmente walk away.

Aliás, inveja de quê, queridão? Se a sua vida está tão miserável a gente vai ter inveja de quê? Eu odeio quem justifica marés ruins como um sentimento vindo do outro, o inferno são os outros, não sou eu, eu faço tudo certo, é a vida quem não sorri para mim de jeito nenhum.

Isso é no mínimo patético.

sexta-feira, novembro 16, 2007

enchanted prince

Alfredo Garcia. O homem que me salvou de um ataque de pânico. Alfredo Garcia fez o impossível e se transformou no meu cavaleiro com espada em punho e cavalo a trote. Não só meu como do João também. Fui salva por um Alfredo Garcia. Brindarei a isso.

is over

Não é só comida que tem prazo de validade vencido. Muitas relações também. Tenho uma em particular que está com a aparência duvidosa faz tempo, mas eu continuo insistindo não sei bem porque. Porque a gente tende a insistir em coisas que acabaram?

The end

As obras estão acabando. Pausa. Vamos repetir isso com mais suavidade e menos sofreguidão: as-obras-estão-acabando. E dessa vez não é piada, é olá casa sem poeira e banheiro sem cuecas de pedreiros. Bem vindos livros enfileirados e sanidade. Ah querida sanidade, como você me fez falta por aqui. As coisas andavam mal sem a sua presença. Eu quase morri algumas vezes. Falava sozinha, gritava no meio da noite. Muitas vezes ameacei sair de casa para comprar cigarros e nunca mais voltar. Não foi fácil, não foi nada fácil. Mais aos poucos as coisas vão se encaixando. Aos poucos.

Eu costumava odiar essa expressão: aos poucos vai. Na verdade eu costumava odiar qualquer expressão relacionada com paciência, resignação, espera, calmaria. Eu, a rainha do para ontem e nunca pela metade. Continuo assim, mas como diria Mick: You can’t always get what you want but if you try sometimes you can get what you need. E não é sempre que me basta, mas as vezes é o que preciso.

these days




Meu tema atual.

terça-feira, novembro 13, 2007

Dia das dores verdadeiras

Dores generalizadas pelo corpo todo. Dores. Dores. Meus quadris doem. Meus joelhos. Meus olhos e o meu coração. Gosto de acreditar que não sou uma pessoa sensível e que estou acima de pieguices, mas ainda existem coisas que me pegam pelas bolas e me atiram de cara no chão. Não aguento dor. Dor de verdade, dor de 53 anos, dor do último beijo no caixão. Dor de um abraço cadavérico. Histórias de amores sempre me deixam de joelhos. O que dizer? Sou uma romântica das antigas. Que acredita em amores que matam. Em amor de maldição.

Cada vez mais o meu ideal de vida se aproxima de uma casa isolada do mundo, meus bichos, meus drinks, meus livros, meus discos, meu marido e uma espingarda.

please kill yourself

Eu não sou contra a análise ou qualquer outro tipo de terapia, mas eu não levo a sério. Conheço gente que se dá bem e que realmente melhora e talvez para algumas pessoas seja uma coisa boa. Mas para a maioria é só muleta. Confesso que procuraria só se estivesse com vontade de ouvir sobre a minha pessoa. Melhor ainda, eu procuraria para dizer para a minha mãe: "oi, meu bem, não exija muito de mim, olha, tenho respaldo médico atrás de mim, é muito sério, coitada de mim". Muita coisa em mim não funciona muito bem, mas eu sei exatamente quais são essas coisas. Na verdade o problema não é a análise ou os remédios, o problema são as pessoas (como sempre). Acontece que o que eu mais tenho encontrado dia após dia, dia após dia, é gente que tem preguiça, gente cheia de nhé, nhé, nhé, gente com complexo de Peter Pan, dizendo que não consegue fazer as coisas porque são "doentes". Eu odeio gente que anda com uma placa pendurada no pescoço: "Sou deprimido, me aceite como sou, me ame e faça as coisas por mim, eu não consigo, sou emocionalmente desequilibrado, vou morrer, me matar, óóóó". Por favor, vá em frente. Isso é uma das coisas que mais me afeta.

Não sei se é porque eu nunca dei desculpas para mim mesma para ser livre. Na verdade eu dei sim, perdi alguns anos dando essas desculpas. Agora se eu quero alguma coisa eu pego, eu faço, eu dou um jeito. Ir com a maré nunca mais. Nunca mais. Eu nunca fui muito boa nisso mesmo.

sábado, novembro 10, 2007

Velvet

Me lembrem que preciso escrever sobre esse filme:


no pipoca com cerveja.

quinta-feira, novembro 08, 2007

under my thumb

Aos poucos o meu quebra cabeça vai encaixando as peças. Eu não digo que está tudo bem porque não gosto de divulgar vitórias e atrair coisas ruins. Já tive a minha cota disso. Eu só sei que não peço desculpas por absolutamente nada do que aconteceu. Eu nunca me traí, eu nunca dei as costas para ninguém, eu nunca agi de má fé (a não ser nas horas que quis). A lição mais perigosa que aprendi nos últimos dois anos é que as pessoas vivem dizendo que preferem a sinceridade cruel à falsidade dos sorrisos, mas mentem. Pelo menos não tenho medo de dizer que não gostei, que me machucou, que doeu, que eu não engoli. Eu jamais darei abraços hipócritas. E ninguém sabe encarar isso e sempre encontram o caminho mais fácil da covardia. É sempre assim: fulana me confronta, vamos fugir, porque ela não pode mentir e mostrar um pouco de doçura?

Porque não.
Desculpa, não.
Não trabalhamos com sentimentos pequenininhos por aqui.
Eu sei olhar no olho e pedir o quero e dizer o que sinto quando pedem a minha opinião. Eu sei dar até a última coisa minha se me garantirem que é solo seguro. Até quando não me garantem eu dou. E me fodo. Sempre. Porque eu insisto nos amores e insisto em verdades. Depois me canso. Talvez seja do tipo de garota que se pode pisar um pouquinho, o problema é que quando canso é definitivo e sem volta. O que importa é que no fim sou eu que saio com a consciência tranqüila.

story of my life

Quem pega na minha mão e canta comigo?


Well, it seems to me that you have seen too much in too few years.
And though youve tried you just cant hide
Your eyes are edged with tears.

You better stop
Look around
Here it comes, here it comes, here it comes, here it comes
Here comes your nine-teenth nervous breakdown

quarta-feira, novembro 07, 2007

back to black

sobre o meu cabelo?
BACK TO BLACK.

terça-feira, novembro 06, 2007

murphy me odeia

continuo sem internet e sem casa sem obra. chuva é igual a minha falta de casa sem obra. murphy tentando arruinar mais uma das minhas paixões: a chuva.

i'll have my kicks before the whole thing goes out in flames

Ter uma infância e uma adolescência esquisita faz você se sentir muito especial com a passagem dos anos. Quando eu via os meus amiguinhos sendo os primeiros da classe e depois pensando nas muitas carreiras que poderiam exercer se quisessem, eu não os invejava. Quando chegou a faculdade e todos eles fizeram milhares de amizades, acamparam no mato e transaram em volta das lareiras sendo jovens e felizes e sonhando com o dia que eles se formassem, ganhassem dinheiro, fossem realmente e-s-p-e-c-i-a-i-s naquilo que exerciam, eu estava ocupada arrancando os cotovelos da vida do meio das minhas costelas. Eles sonhavam com o dia em que os aplausos esperados e o sentimento de preenchimento seriam palpáveis como uma parede de aço, e eu por razões óbvias não compartilhei desses sentimentos.

Pensar que você não serve para nada e que não faz nada de bom durante um longo período da vida é de certa forma edificante. Eu deixei as coisas acontecerem sem planos e quando todos davam com a cara no chão ao perceber que jamais seriam a metade das coisas que sonhavam em ser, eu já tinha colocado meus dentes no lugar, cuspido o sangue, sacudido as cinzas do vestido e calçado as minhas botas. Não fui ensinada a ser qualquer coisa, fui ensinada e me tornar certa coisa por meu próprio mérito.

Se algo desperta o meu desejo eu persigo implacavelmente porque sei que as coisas boas felizmente não nascem em árvores. O pior é ter que ouvir que elas são fáceis para mim. Que eu sempre arrumo um jeito de conseguir o que quero. Isso é verdade, mas ninguém conhece os arranhões que ficam na pele e os mortos e os escombros que você acaba deixando pelo caminho.

segunda-feira, novembro 05, 2007

Liar

Eu não gosto mais da chuva. Mentira, eu gosto sim. A chuva tem atrasado os meus dias e aumentado os meus problemas. Mentira, só eu consigo fazer isso comigo. Eu estou sem computador, a internet não funciona, não quer funcionar e eu não sei o que fazer. E isso é uma verdade. Eu estou incomunicável. Mentira, ainda tenho o meu celular. Mas não gosto dele. Isso é verdade.

quinta-feira, novembro 01, 2007

caos completo

minha mesa é um caos.
eu sou O caos completo.
minhas bolsas cheias de papéis e entulhos, meu cabelo embaraçado, meu armário bagunçado e meus horários uma loucura. só eu me encontro na minha confusão, mas não poderia ser de nenhuma outra forma.

falta uma hora para o fim do expediente e eu estou pulando da cadeira para fora daqui. o meus planos são de caminhar até a minha casa, preencher a geladeira de coisas poucos saudáveis, abrir a cadeira de praia no quintal, ligar o som e passar o feriado assim. little little.

Soon. Soon.

quarta-feira, outubro 31, 2007

I don't know how many bottles of beer
I have consumed while waiting for things
to get better
I dont know how much wine and whisky
and beer
mostly beer
I have consumed after
splits with women-
waiting for the phone to ring
waiting for the sound of footsteps,
and the phone to ring
waiting for the sounds of footsteps,
and the phone never rings
until much later
and the footsteps never arrive
until much later
when my stomach is coming up
out of my mouth

well, there's beer
sacks and sacks of empty beer bottles
and when you pick one up
the bottle fall through the wet bottom
of the paper sack
rolling
clanking
spilling gray wet ash
and stale beer,
or the sacks fall over at 4 a.m.
in the morning
making the only sound in your life.

beer
rivers and seas of beer
the radio singing love songs
as the phone remains silent
and the walls stand
straight up and down
and beer is all there is.

sábado, outubro 27, 2007

fim de semana

Acho que eu deveria ser proibida de entrar na livraria da Travessa e ir para o bar depois. Tenho 53 reais na minha conta e ainda não paguei as contas ou o mercado. Okay, agora é hora de improvisar.



fire

quarta-feira, outubro 24, 2007

parado

O trânsito está parado. O trânsito não está lento. Não está congestionado. O trânsito está parado. Literalmente. Há um mesmo caminhão na esquina da minha rua há mais de 50 minutos sem mover um centímetro. Todos os planos e horários suspensos por hoje. Querido Deus, tudo na minha vida tem que ser assim? Ou 8 ou 80?

i'm in the edge of something

Quando escuto Jesus and Mary Chain sobe um arrepio na espinha e eu quero correr para a minha guitarra e para o meu pedal e para o meu amplificador. É algo maior. Mas eu preciso esperar mais algumas semanas.

quem dança comigo?

terça-feira, outubro 23, 2007

Rainy Day Woman

Botas de combate, guarda chuva, jeans e camiseta. Essa costumava ser a Rachel feliz dos dias de semana chuvosos. Costumava até essa manhã. Até eu colocar os pés fora da cama e seu Walter, meu novo melhor amigo também meu pedreiro que chega bêbado de madrugada e me pede abrigo, anunciar que por causa da chuva ele terá que trabalhar dentro de casa. O isso significa para mim? Atraso no lado de fora da casa. Nuvens negras se formaram literal e figuradamente falando sobre a minha cabeça. Estou a um passo de subir num prédio com um rifle. Quem me acompanha?

segunda-feira, outubro 22, 2007

roll the dice

if you’re going to try, go all the
way.
otherwise, don’t even start.

if you’re going to try, go all the
way.
this could mean losing girlfriends,
wives, relatives, jobs and
maybe your mind.

go all the way.
it could mean not eating for 3 or 4 days.
it could mean freezing on a
park bench.
it could mean jail,
it could mean derision,
mockery,
isolation.
isolation is the gift,
all the others are a test of your
endurance, of
how much you really want to
do it.
and you’ll do it
despite rejection and the worst odds
and it will be better than
anything else
you can imagine.

if you’re going to try,
go all the way.
there is no other feeling like
that.
you will be alone with the gods
and the nights will flame with
fire.

do it, do it, do it.
do it.

all the way
all the way.

you will ride life straight to
perfect laughter, its
the only good fight
there is.

Bukowski

jogue os dados
se você for tentar, vá até o fim
do contrário, nem comece.
se você for tentar, vá até o fim.
isso pode significar perder namoradas,
esposas, parentes, empregos e
talvez a cabeça.

vá até o fim.
isso pode significar não comer por 3 ou 4 dias.
isso pode significar congelar em um
banco de praça.
isso pode significar cadeia,
isso pode significar cair no ridículo,
no escárnio,
isolamento.
o isolamento é uma benção.
todo o resto é um teste a sua
resistência, do
quanto você realmente
quer fazê-lo.
e você irá fazê-lo
apesar da rejeição e das piores probabilidades
e será melhor do que
qualquer outra coisa
que você possa imaginar.

se você for tentar,
vá até o fim.
não há outro sentimento como
esse.

você ficará sozinho com os deuses
e as noites se acenderão em
chamas.

vá, vá, vá,

até o fim
até o fim.
você direcionará a vida para o
riso perfeito, essa
é a única boa luta
que existe.

time is on my side

Favor alguém acrescentar horas aos meus dias. É desumano ter que raspar as pernas, ler três livros simultaneamente, catar feijão, dar banho na cachorra, dar atenção para o marido, alinhar as sobrancelhas, fazer as unhas dos pés, lavar a roupa, ler os textos, terminar o romance, deixar o patrão feliz, entregar o trabalho no prazo, estudar para prova, passar a matéria a limpo, rastejar para fora da cama as seis da manhã, comprar mantimentos, caminhar e perder a barriga de chopp, voltar a caber nos meus jeans preferidos, lavar o tênis, fazer estágio, baixar uns discos, baixar uns filmes, almoçar em 15 minutos antes do expediente começar, escrever no diário, escolher os armários da cozinha, chorar por sapatos caros demais e ainda assim ser a mulher mais bonita do mundo num domingo chuvoso de gripe. Alguém socorre?

Sério. Preciso. Essa vida de mulher decente tá acabando comigo.

sexta-feira, outubro 19, 2007

white girl

Rio 40 graus. O inferno começa. O asfalto queima, queima, queima. Minha cabeça lateja.

Praça da Bandeira, Zona Norte, Meio-dia. Que péssima combinação.

Eu suando. Suando e gotejando dentro das roupas. Tendo miragens. Vendo a água da piscina que só chega nas férias. O friozinho da noite mesmo que durante o dia tenha feito um sol infernal. E o mato fresquinho. E a cachoeira geladinha. E a cerveja gelando e a hidromassagem ligada. Sauna não, por favor, já faço diariamente bem aqui.

Fico tendo essas visões enquanto os cheiros mais exóticos, típicos do verão, assaltam minhas narinas e se misturam e me embriagam. E fico sorrindo boba pensando que um dia as férias chegam. Um dia eu serei feliz. Logo. Olá desbunde. Sombra. Água fresca. Cigarettes and Alcohol.

Prometo até tentar voltar com uma marquinha de biquíni – mesmo odiando esta prática com todas as minhas forças. Mas na verdade acho mesmo que estou precisando de uma corzinha, já que já começei a causar comoção entre os tijucanos.

Já causei horror no banheiro da faculdade e acabei assustando, dessa vez de forma não intencional, duas meninas loiras, torradas de sol que falavam sem parar sobre como perder peso e academia. No exato momento que entrei, ambas, muito indelicadamente, interromperam a conversa e seus olhos não desgrudaram mais de mim.

Sem saber o que estava errado permaneci lavando as mãos e ajeitando as malditas calças que insistem em cair apesar da largura dos meus quadris. Uns segundos depois, intimidada pelo silêncio e desconfiada, busquei explicação para tamanho espanto no espelho. E lá estava, bem entre as duas garotas-cariocas-swing-sangue-bom, eu azul. Pálida. Comprida. Transparente. Cabelos negros. Olheiras.

Até eu me estranhei. E olhei duas vezes.

Acontece que eu não pego sol. Eu odeio sol. Odeio. E morro de medo de ficar igual a Brigitte Bardot. Sempre lembro da minha mãe dizendo: “Ela ficou assim porque pegou muito sol”. E desde criança tomei duas decisões na minha vida: a de nunca pegar sol e a de nunca ter bochechas caídas como as da Brigitte.

Dia desses uma nova situação embaraçosa. Uma senhora enorme e negra fazia as unhas na minha frente enquanto eu aguardava a minha vez. E ela perguntou:
- Você é branca assim mesmo?
Tive vontade de responder que não, que na verdade eu era verde, mas fui boa e disse que sim. E ela continuou:
- Se você pegar sol você fica vermelha?
Novamente atacada pelo súbito desejo de dizer que não, que na verdade eu ficava roxo repolho. Mas me eduquei e respeitei os seus cabelos brancos. A velha era insaciável.
- Mesmo que você pegue muito sol permanecerá vermelha?
Fiquei calada com aquele sorriso de espasmo na cara. Não quis responder.
- Que pena, não é minha filha?
O soco final.

Está certo que eu já desejei ter nascido negra, grande, com voz de Nina Simone e um pouco de ritmo. Já ouvi tanto blues que achava que se me descascassem eu veria uma cor lá dentro. Mesmo assim não gosto que façam a minha cor atual piada nacional. Eu deveria processar a todos, ficar rica e pagar umas sessões de bronzeamento artificial.

Mas não, eu acho que não.

quarta-feira, outubro 17, 2007

Quarta-feira

Don't let nobody go there for you
Don't be satisfied with a second-hand life
Don't let nobody stifle or bore you
Handle your troubles or take on your strife
Don't let nobody live your life for you
Not your friends, not your kids, no not even your wife
If you want to know where the rainbow ends
It's you who´ve got to go there and find it my friend

she can

Cheguei no escritório e vislumbrei sua porta fechada. Sorri cheia de dentes já sabendo que porta fechada é igual a ar condicionado ligado. Eu deveria ter desconfiado da felicidade. Sim, aquilo era real, a pessoas realmente resolveram almoçar em suas mesas evitando o calor da rua e como resultado um cheiro horrível de frango de padaria tomou conta de todos os cantos do salão. Até o banheiro está com cheiro de frango da padaria! Quem me conhece sabe que esse é um dos meus piores pesadelos. O cheiro de frango de padaria embrulha meu estômago sensível e me dá vontade de vomitar as tripas. Hoje não é o meu dia de sorte. Eu já deveria ter desconfiado quando rasguei minha perna com a gilete na cruel tentativa de usar bermudas nesse calor absurdo que faz lá fora.

Aqui

Achei o meu pequeno livreto. Motivo de orgulho meu! Rá! Publicada. Graças a uma amizade que nunca se materializou de verdade e que ficou perdida pelo Brasil.

segunda-feira, outubro 15, 2007

banana fish

morena



Eu, meu bronzeado e Frida se preparando para nadar.

muito azé

fim de domingo, fim de feriado, eu de ressaca, esmalte descascando, cabelo duro de cloro, assistindo a reprise de um programa exclusivo com o grupo axé blonde de julho de 1999. é por isso que eu não me permito assistir televisão. amanhã não vou trabalhar. tenho roupa para lavar, faxina para dar, manhã para berrar com a regina, pedreiros a apressar e coisas para engatilhar.

time is on my side.
e eu ando plantando rosas ao invés dos musgos e caramujos habituais.

dia das crianças: ganhei o teclado cor-de-rosa das meninas super poderosas ao invés do piano de cauda que pedi. quem sabe no natal?

see more glass

time is on my side.

quinta-feira, outubro 11, 2007

bye

Não acordei a tempo da primeira aula. Achei melhor assistir a segunda apenas para a consciência não ficar pesada – finjo que tenho uma. Está um sol de janeiro lá fora e eu preciso arrumar coragem para sair do ar condicionado, estresse número 1. Eu saio com roupas de verão. Antes de chegar ao local destinado, estresse número 2: caminhões da bope e do choque fecham as três avenidas principais e de dentro deles correm homens enormes armados até os dentes. Eu apresso o passo e não fico para ver o final da história. Já estou em quase todas as estatísticas e não quero estar em mais uma. Chego a faculdade suando dentro das minhas roupas, infeliz e amaldiçoando o fato de ter saído de casa.

Não há aula.

Estresse número três mil.

Caminho de volta para casa e quando chego fumo uns cigarros. Estou tentando parar com eles eu sei, mas eu mereço. Está calor, eu saí, eu enfrentei perigos, eu mereço aqueles cigarros.

Já entendi faz tempo que o meu lugar não é mais nessa cidade quente e feia e suja e estéril. O Rio de Janeiro é uma puta barata, feia, sem dentes e que não toma banho e que não vale nada. O Rio é imprestável.

Hoje estou indo embora andar na grama descalça, encher a bolsa de livros e discos, abrir uma garrafa de uísque na beira da piscina e simplesmente existir por todo o feriado.


segunda-feira, outubro 08, 2007

monday



Champagne de graça. Eu sentada no setor de literatura infantil. Vocês sempre poderão me encontrar no setor de literatura infantil. Eu sempre me escondo ali. Alguns copos de champagne depois e eu zonza indo comer alguma coisa. Segunda-feira e eu já fugindo de mim.


Parte de mim é um tango

má como eu

Sempre fico com a sensação de ser bruta demais. Fora do trabalho não há ninguém, mas por causa do trabalho João vai de um extremo ao outro conhecendo de motoboys a escritores metidos a besta. E às vezes topa com aqueles que eu jamais faria amizade – devo me julgar muito superior. Confesso que sou preconceituosa com pessoas metidas a articuladas ou refinadas. É preconceito vivo mesmo. É dificil respeitar opiniões refinadas porque elas sempre me parecem muito superficiais. É ainda mais dificil disassociar que não é porque sou sua amiga que sou como você. Eu sou amiga de travecos, cabelereiros que moram no complexo do alemão - e que ao invés de maquiagem pronunciam “maquinagem” – e pessoas simples que bebem cerveja no gargalo e entendem de ironia/sarcasmo e com o maravilhoso e raro dom de compreender/exercer senso critico e senso de humor. Eu falo de sacanagem, uso todos os palavrões que conheço numa sentença e defendo as minhas opiniões como se fossem a minha cria. Sou implacável. Implacável a ponto de no meio de uma noite já cervejada anunciar, sem papas, que jamais me casaria com um intelectual de merda. E anunciar a alguém que se julga um intelectual de merda. Rainha em criar situações inconfortáveis. Estou só nessa disputa.

Daí a minha brutalidade. E às vezes acho que esperam que mulheres sejam menos brutas. Ou me julgam pela capa e me consideram incapaz de tal atrocidade. Ao menos causo surpresa, depois do desconforto.

quinta-feira, outubro 04, 2007

yeah baby!

Sol e Lua entram em harmonia entre os dias 04/10 e 06/10, rachel, permitindo a você uma consciência mais crítica acerca das coisas que estão em sua vida, mas que não servem mais. Este é um momento de depuração muito forte, em que o joio é separado do trigo e, deste modo, você pode renovar sua vida, jogando fora o lixo (físico e mental).


Total.

segunda-feira, outubro 01, 2007

walk on the wild side

Quinta-feira quase aconteceu de novo. Rumei ao salão para pintar as unhas e acabei sentada na cadeira da Stephani implorando. Stephani, que como o próprio nome muitas vezes implica, “raspou as pernas e então ele era ela”, e que corta cabelos como muito cabeleireiro de madame não sabe. Stephani com as giletes é a melhor. Às vezes aparece cortada no salão por causa de briga, e isso aumenta o meu respeito. Pedi a ela que me tosasse, pedi que me depenasse, chorei que desistia de ser cabeluda, que não agüentava esperar, que eu não conseguia. Mas Stephani me ameaçou, disse que vai correr ordem nos salões das vizinhanças da mesma forma que mandou correr ordem para impedir que os botecos vendessem cana para o seu amor. Stephani é uma sacana. Eu não cortei o cabelo.

Voltei para casa cultivando o meu sonho atual em me transformar numa cabeluda, mulherzinha em potencial. Quem sabe daqui a um ano? Um dia ainda escrevo sobre Stephani e os meus cabelos a la cubanita.

***

Às vezes brinco que sou a garota da letra de Common People do Pulp. Eu cortei o cabelo – e depois deixei crescer – sai de casa, esqueci a faculdade e comecei tudo sozinha. A diferença é que lá no trabalho todas as meninas da minha idade já usam o raquítico salário para sustentar filho, marido, mãe e pai. Enquanto eu – bem casada e com apenas com uma filha canina – só preciso me preocupar em manter cerveja na geladeira, ração para a filha e azeitonas pretas para o marido. A saúde vai bem obrigada.

***

Gripe. Castigo dos céus. Sono, dor no corpo, garganta com dois gatos dentro. Quero cama. Quero massagem nos pés e chá quente. Chocolate quente pode ser também. Quero acordar em 2008. Será que se eu desejar com força acontece?

one, two, three, floor..

Para nós, pessoas comuns com sonhos comuns, o que importa é ter um fim de semana como o passado. Eu, reclusa por natureza e boa bebedora por hábito, não podia deixar passar o Festival A Cerva Carioca. O nome não é tão interessante e eu gostei de fazer piada sem graça com ele, porém o Festival me deixou do jeito que eu gosto: adormecida. Adormecida nos braços, nas pernas, nos lábios e nas bochechas. Eu escorreguei e não cai. Comemorei o prêmio com um abraço que nunca dei. Na manhã seguinte ainda enterramos os ossos. Dormi o sono dos bêbados e acordei com dor de garganta, chiado no peito e gosto de pneu na boca. Segunda-feira. Bom dia.

Wonder Woman


eu caio sobre as pessoas



Fico romântica


floor

sexta-feira, setembro 28, 2007

Saint Moz.

Monday - humiliation, Tuesday - suffocation, Wednesday - condescension, Thursday
- is pathetic, by Friday life has killed me, By Friday life has killed me.

quinta-feira, setembro 27, 2007

Quiet Morning

Hoje foi uma manhã cinzenta estranha. Na verdade hoje foi uma manhã cinzenta absurda. Eu estava caminhando, feliz por sentir frio, preocupada porque mais uma vez havia esquecido de pentear os cabelos, ignorando o cadarço desamarrado, quando me deparei com uma mulher – e ela não era puta nem nada, ao menos não parecia uma, porém, como afirmar? – trajando apenas um biquíni de crochê branco muito pequeno e comportando peitos enormes do tamanho da minha cabeça. Parei. Se eu morasse ao lado da praia isso seria normal - a não ser pelo tamanho dos peitos - mas eu não moro num bairro que tenha praia. Na verdade eu até moro distante da praia. Ver uma mulher caminhando pela rua às 6:40 da manhã trajando nada além de um biquíni branco de crochê com peitos do tamanho de bolas de boliche me arrancou da hipnose matinal e me fez indagar a possibilidade daquilo ser sonho ou alucinação. Não era. A mulher realmente estava lá, atraindo todos os olhares e um silêncio mortal que pairou na cidade naquele momento. Ninguém buzinava e ninguém conversava. Acho que se ela estivesse nua a comoção não teria sido tão grande. Ninguém entendeu nada. Eu não entendi nada. Mas segui caminhando e colecionando mais uma coisa absurda para contar.

terça-feira, setembro 25, 2007

bad mommy bad teeth

Hoje fui ao dentista tomar três anestesias para uma pequena obturação. Tudo em mim é igualzinho a mim. Até as cáries que de longe parecem pequenas, mas basta uma escavaçãozinha para se transformarem em abismos sem fim.Três anestesias depois e a minha cara torta. A anestesia não pega. Doutora isso já aconteceu antes, com outras substâncias, chega um ponto que não dá para anestesiar mais e o nervo fica pulsante ali a flor da pele. Tudo em mim é assim já disse, até as cáries nos dentes.

Cheguei em casa e percebi que Frida anda cada vez mais parecida comigo. Faz birra quando não quer ficar sozinha. Outro dia, assim que eu e João fechamos a portinha da escada, ela correu para mijar e cagar na sala com ar vingativo. Hoje quando cheguei do dentista encontrei outros tipos de marcas. Estourou uma caneta no sofá, rasgou almofadas, picou papel, deixou pegadas de tinta azul e escondeu o meu all star em baixo do travesseiro. E eu nem consigo brigar porque ela me olha com aquele olhar lambido de quem só quer beijo e colo. Minha cachorra é quase um gato, adora se aninhar no colo e dormir abraçada. Eu sou uma mãe sem limites, deixo fazer o que quer na hora que quer. Menos quando ela mijou na minha mala alemã que continha os meus dvds. Eu tive que me desfazer da mala que se desfez. Nesse dia baixei a pomba-gira e lancei tamancas. Depois me arrependi e deixei ela dormir no travesseiro.

Agora minha cara continua torta e João não para de rir de mim. Eu faço birra. Não consigo nem fazer bico. Mas já passa. Já. Já. Já.

resposta para a falta de inspiração

1.Há dez anos atrás eu...
Tinha quinze anos, ouvia Queen e Nirvana, sonhava com o Morrissey e estava ocupada fumando cigarros, tomando porres adolescentes, reativando a geração ultra-romântica e usando preto na praia para mostrar que eu tinha personalidade.

2. Há cinco anos eu...
Já estava casada, tinha uma banda, ainda acreditava no rock, estava perdida numa faculdade e não me importava com quase nada ou ninguém.


4. Há dois anos eu...
Viajei para São Paulo. Estava sem banda, sem amigos, sem emprego, sem dinheiro e sem rumo. Ou seja, na merda.

5. Há um ano eu...
Decidi que era hora de fazer alguma coisa completamente diferente.

6. Há seis meses atrás:
Não exatamente seis meses: viajei para a Argentina, empacotei a mudança, comecei uma obra na casa nova, entrei para uma nova faculdade, arrumei um emprego e ando tomando coragem e inspiração para enfrentar aquilo que mais quero.

7. Hoje:
Levantei cedo, o bom humor retornou – está chovendo e eu só sou feliz quando chove, fiz a primeira prova da faculdade nova e não foi tão ruim. Voltei para casa, tenho dentista e pego no trabalho daqui a 1 hora.

8. Amanhã:
É quarta-feira e eu não tenho aula. Preciso estudar. Quero comprar umas cervejas. Trabalharei novamente e esperarei João na varanda com a Frida no colo.

9. Cinco coisas sem as quais não posso viver:
- Boa música.
- Bons filmes.
- Silêncio.
- João e frida.
- Remédios anti-monotonia.

10. Cinco coisas que eu compraria com cinco mil reais:
- Terminaria de pagar a câmera semi-profissional mega foda hiper booper sensacional.
- Reconstruiria o meu piano.
- Alguma viagem curta.
- Sapatos.
- Livros.

11. Cinco maus hábitos:
- Fumar.
- Deixar tudo pro amanhã.
- Querer tudo A-G-O-R-A.
- Ser rigorosa demais.
- Falar sem pensar.

12. Três coisas que me assustam:
- Acidentes de trânsito.
- Histórias de acidentes.
- Minha imaginação.

13. Três coisas que estou vestindo nesse momento:
- Casaco vermelho.
- Camiseta branca.
- Meias.

14. Seis das minhas bandas favoritas
- Leonard Cohen
- Tom Waits
- Elvis Costello
- The Smiths
- Bod Dylan
- Stones

15. Três coisas que eu realmente quero agora:
- Que a obra acabe.
- Que a obra acabe.
- Que a obra acabe.

16. Três lugares onde quero ir nas férias:
- Road Tripping do Paraná até Buenos Aires.
- Cuba.
- Bolívia.

segunda-feira, setembro 24, 2007

rain came down on me

quero ir pra casa. estou com sono e cansada. as nuvens estão negras. quero hibernar.

bad mood

Domingo. 8 horas dentro da Bienal do Livro. E eu odeio a Bienal do Livro. 8 horas esperando o João correr pra lá e pra cá tomando cervejas de graça e esfregando isso na minha cara. Eu e Tatiana, que não queria tomar cerveja e que queria comer pizza e que queria ver livros de direito. Eu, que queria tomar cerveja e que tive que pagar por elas e queria comer torta e queria ver os outros tipos de livros. 8 horas rindo dos passantes, mendigando nos estandes e ameaçando furar os balões de crianças hiperativas com suas mães relapsas. Fiquei moída. Com cansaço mental. Queria ter conversado com a alguém que me explicasse qual é a graça de uma Bienal do Livro. Todos os livros que eu compro são livros comprados pela internet, rápido, prático e por vezes, mais barato. Até o meu sebo é virtual. Tudo o que há na bienal há na internet. E eu não entendo qual é a graça de se empurrar e dirigir 40 minutos para um lugar ermo e enfrentar filas e pagar 3,60 num chope ou 13 reais por duas fatias magras de pizza. Não há coerência nisso. Não há mesmo. Meus pés cozinhando dentro das meias, a claustrofobia girando a chave na fechadura e eu rezando para vir para casa.

Nenhuma cerveja de graça. Apenas um bombom e um copo d’água.

Eu espero que os céus me ouçam: que essa seja a ultima bienal do João. Pelo-amor-de-Deus, ou eu terei que me transformar numa esposa relapsa que não ajuda o marido num domingo de trabalho.

what's so funny about peace love and understanding?

Em 1998 eu tinha uma camiseta rabiscada com canetinha para tecido que dizia: Kill All Hippies. Há pouco tempo atrás eu tinha uma idéia de fazer uma nova camiseta – talvez com uma máquina de silk já que estamos ficando sofisticadas – com os dizeres Kill All Indies. O projeto só não vai para frente porque eu me sinto velha para pegar no pé de modinhas, ou melhor, tenho preguiça.

Quase dez anos se passaram. De adolescente raivosa e impaciente me transformei numa adulta (hã?) que ainda oscila dos 80 aos 8 anos de idade num piscar de olhos, porém ligeiramente mais tolerante. A minha tolerância se baseia em uma simples e única regra: se você não encher o meu saco com o que eu faço da minha vida, eu não poderia me importar menos com o que você faz com a sua. É bem simples assim. Eu aceito tudo. Eu aceito mediocridade, lerdeza, falta de iniciativa, falta de ambição, chatice, burrice, estupidez, preconceito, idéias burras pré-estabelecidas e maldade. Só não aceito que se dêem o trabalho de comparar a minha existência com a de qualquer outra. Eu não aceito idéias de superioridade de que o meu é muito melhor do que o seu ou que eu estou certa enquanto você está errado. Sinto muito. Façam isso longe de mim. Eu não desejo saber. Eu só presto contas a mim e aos poucos com quem me importo com a opinião. Dói para você, eu imagino, mas se você fosse feito de ouro e peidasse cheiroso eu não iria sequer notá-lo na calçada.
Do resto eu tenho preguiça.

quinta-feira, setembro 20, 2007

red nails

love me

Eu desafio a qualquer um que ouça essa canção e não passe o resto do dia cantando em falsete. Desafio lançado.

I wish

Well, it’s a long, long time
From May to December
But the days grow short,
When you reach September.

One hasn't got time for the waiting game

Está oficialmente proibida a sensação de exaustão típica de uma quinta-feira à noite. Está proibido o tédio, o sono e a vontade de escalar a cama, se embrulhar no edredon e não sair de lá até que setembro acabe. Que setembro e outubro acabem, melhor dizendo. Está proibido vizinho que escuta Bob Marley, dia de cabelo ruim e pele com espinha. Também gostaria de aproveitar e proibir bife arrancado sem carinho pela manicure, pão de batata com requeijão que queima a lingua e virar refrigerante na roupa ao tentar se equilibrar na roleta do ônibus com o almoço nas mãos – o mesmo pão de batata com requeijão que queima a lingua. Está proibido o cansaço, os verbos no futuro perfeito – está proibido mencionar o futuro perfeito, a falta de sorte, a falta de dinheiro para comprar pão e o bêbado que dá bronca quando brincamos com os cachorros de rua. Está proibido os bêbados conhecidos que morrem atropelados. Está proibido o cansaço e o soul seek que não colabora. Está proibido. Está.

quarta-feira, setembro 19, 2007

give me a head with hair

Hoje levei um susto. Após meses sem pintar as madeixas – acho que nunca tinha passado tanto tempo sem tinta – olhei-me no espelho e vi dois dedos de raiz loira despontar do couro cabeludo. Foi um choque. Pinto os meus cabelos desde que descobri, por volta dos 11 anos, que o que eu mais gostava de fazer era pintar os cabelos. Houve uma época que eu mudava de tinta com tanta freqüência que as pessoas próximas apostavam qual seria a minha próxima cor. Já fui de tudo: uma loira gelada, uma ruiva inconseqüente, uma morena apaixonada, e até já brinquei de barbie de cabelo rosa e roxo. Meus cabelos sempre foram um espelho da minha personalidade e dos meus humores. Hoje confesso que cansei. Ainda troco muito de tinta, mas permaneço dentro dos tons de castanho. Sair do preto azulado para o vermelho moranguinho dá um trabalho do diabo e não tenho me sentido nem preto, nem vermelho. O resultado taí, raizes loiras desabrochando e me pegando de surpresa. Será essa a minha cor natural? Será isso um sinal de que não importa o que eu faça sempre retornarei as minhas raizes? Eu só sei que loira eu não fico, porque como quase tudo na minha vida, nasci com uma cor que não era a minha. Eu não deveria ter nascido com esse cabelo grosso alemão igual ao da minha avó que morreu aos 83 cabeluda como um macaco – desculpa vovó, não achei melhor comparação – mas sim com um cabelo nipônico comprido de dar inveja e fininho de não parar presilha alguma.

Óh azar.

terça-feira, setembro 18, 2007

dementia praecox

Quando as coisas estão indo como as coisas estão indo agora o jeito é apelar para a esquizofrenia. Kurt Vonnegut me ensinou isso.

Homenagem

O violão tem o braço quebrado cravado com três pregos. Seu som é inconfundivel. Um ré não é um ré e um sol não soa como um sol. Assim como tudo o que diz respeito a mim e a minha vida.

Isqueiros Ligados

Olha agora dá para ouvir música ali em baixo. Cuidado. Estou num momento deprê.

bad september

Setembro entrou com as esporas em mim. Aonde foi parar a paciência? Eu não sei. Nunca fui muito simpática com a Dona Paciência. Sempre perdi a Senhora Calma e apelei para a Madame Ira. Esse blog deveria se chamar Madame Ira. Não há lugar para mais nada em mim. Não que isso seja culpa de alguém, a culpa é minha por não saber controlar tanto o meu temperamento quanto as minhas expectativas. Eu odeio ficar cultivar expectativa, mas por mais cuidadosa que eu seja ela sempre arruma um jeito de se alastrar em mim como a peste. Não dá mais, desculpa querida, mas não dá mais. Então eu tentarei ficar calada porque tudo o que eu tenho vontade é de gritar. Mas vou calar. Porque sim.

segunda-feira, setembro 17, 2007

bad mood

A quem possa interessar: eu sou a mulher da figura do layout.

old habits

Velhos hábitos são dificeis demais de matar.

I hate mondays

Sábado levei Frida ao veterinário. Era dia de vacinação e passei quase duas horas dentro do consultório. Eu me distraio. Todos aqueles cães fofos e limpinhos e cheirosos e a Frida parecendo uma estopa de oficina mecânica. Eu moro em casa, não consigo mantê-la limpa por mais que eu tente.

Odeio fazer as coisas sozinha. João está desde quarta feira de babá do Livreiro de Cabul. A bienal faz com que ele fique mais tempo fora de casa do que dentro e eu que não estou acostumada com isso volto a ficar vagando como fantasma e sem ninguém com quem beber. Sábado ele me levou para comer pizza e me tirar do molho do mau humor que eu estava desde sexta-feira. Como eu mesma disse: estou andando na linha e tudo tem dado errado. Não considero isso incentivo para nada.

Não fui a aula hoje. Estou esperando dar o horário para me arrumar e ir trabalhar. Segunda-feia. Deus como eu odeio segundas-feiras.

domingo, setembro 16, 2007

testes




Your Brain is Purple



Of all the brain types, yours is the most idealistic.

You tend to think wild, amazing thoughts. Your dreams and fantasies are intense.

Your thoughts are creative, inventive, and without boundaries.



You tend to spend a lot of time thinking of fictional people and places - or a very different life for yourself.

sexta-feira, setembro 14, 2007

look back in anger

(Waiting so long, I've been waiting so, waiting so)
Look back in anger, driven by the night
Till you come

all mixed up

Sexta feira é sempre assim. Eu chego exausta, um caco, me arrasto pelos cantos e cochilo sentada tentando ser o mais discreta possível. Dizem que quanto mais a gente sofre mais se é merecedor de salvação. Eu estou esperando pela minha, porque atualmente tenho andado na linha, pela primeira vez na vida, e ainda não ganhei nada com isso, muito pelo contrário.

Eu acordo todo dia às 6 da manhã. Eu caminho aproximadamente 30 minutos. Eu atravesso nas faixas e às vezes fico tão dispersa que perco os sinais na calçada. Depois disfarço e finjo que estou esperando alguém. Eu assisto às aulas. E dessa vez assisto mesmo, não fico mais pelos corredores fumando ou na biblioteca lendo ou no colchão de casa sonhando. Eu xeroco os textos, eu anoto os lembretes, eu tenho uma maldita agenda. Eu me vendi. Eu faço perguntas na sala de aula. Eu respondo a sorrisos, eu guardo lugar na sala. Eu passo hidratantes, tomo os remédios, tomo banho, leio durante as refeições e almoço um salgado ruim demais de ricota a caminho do trabalho. Eu corro. Saio às 12:40 e preciso estar em 20 minutos no trabalho. Movimentar-se com um copo de refrigerante e um salgado e uma pasta e uma bolsa maxi nos braços não é a coisa mais fácil, deveria até entrar para a categoria olímpica. Eu chego no trabalho. Com calor, mas dou boa tarde. Eu escovo os dentes e rezo e passo os cinco minutos iniciais da tarde respirando fundo, me preparando. Tá foda, mas a gente agüenta. Eu trabalho. Eu às vezes finjo que trabalho, eu bebo água. E não como nada na hora do lanche, parece loucura mas queria perder mais um quilo esse mês. As horas se arrastam até as cinco da tarde. Sou britânica. Cinco e um e a minha cadeira está vazia. Cinco e cinco eu estou atravessando as ruas – não mais na faixa porque a minha paciência acabou. Eu compro pão fresco. Eu chuto pedras até em casa. Eu passo por meio aos escombros e desvio das nuvens de poeira. Meu cabelo anda duro, não adianta lavar. A poeira está impregnada em mim. Eu estou toda em desuso. Na prateleira, esperando. Criando pó. Eu encontro os meus livros dentro das caixas, as minhas roupas entulhadas e as coisas todas nos sacos. Fico triste. Eu tento ler e me distraio. Eu tento comer, mas não quero. Eu tenho chorar, mas só sai pó. Eu só posso esperar. Esperar. Esperar. Esperar. Esperar a obra acabar, a faculdade terminar, as minhas idéias morrerem e darem lugar a outras. Esperar.

Até cansar.
Mas já cansou.
E agora?

In this house that's not a home

Essa casa definitivamente me odeia. Está usando de mecanismos baixos, me trancando para fora e me impedindo de entrar. Frida late sem parar, os pedreiros tentam me ajudar, mas essa casa não me ajuda. Ela não me ajuda. Ela está dificultando a minha vida. Pobrezinha, ela não me conhece. Ela não sabe que quando coloco alguma coisa na cabeça não há nada que me faça mudar de idéia, sou teimosa desde o útero. Coitada de você cazinha, eu vou entrar ai e morar ai quer você queira ou não, mesmo que o teto desabe na minha cabeça, mesmo que os fantasmas arrastem correntes de madrugada. Eu não ligo. Eu quero. E eu sempre consigo o que quero.

watch out with the uplifter

A chave rodou na fechadura quando o João se preparava para sair. Ele conseguiu sair, mas ninguém mais vai conseguir entrar. Eu cheguei meia hora depois e forçei e forçei e forçei a fechadura sem sucesso, não há outra forma a não ser subir pelo andaime.

Quantos de vocês já entraram em casa subindo por um andaime? Entraram pela varanda, ou pela janela da sala, eu posso até escolher. E bem que o meu horóscopo dizia que hoje eu ia começar a olhar os meus problemas por um novo prisma: Nada é tão ruim que não possa piorar a ponto de subir num andaime para entrar em casa. Cheers.

quinta-feira, setembro 13, 2007

Welcome to paradise

Sempre que eu estava de saco cheio de mim mesma eu matava o meu blog e me sentia imediatamente melhor. Era como se matar o meu blog, ou rasgar algumas páginas do meu diário de papel, apagasse para sempre aspectos não muito lisonjeiros da minha personalidade. Hoje continuo com esse hábito, mas sei que esse será um blog jamais deletado. Quem o fez me é muito querida e reaviva a atual teoria de que pode sim existir amizade de infância que começa aos 25. E isso me faz sentir bem.

Antes que as lagrimas de emoção sejam derrubadas:

Sejam bem-vindos. Até quando, eu não sei.

segunda-feira, setembro 10, 2007

Because you're mine I walk the line.