sábado, dezembro 29, 2007

big bye bye

Just another hiatus.
See ya.

domingo, dezembro 23, 2007

the good wife

Ontem fui a boa esposa. Prometi não beber mais que os amigos dele e não ser grosseira com as esposas de borracha deles. Fui simpática. Sentei no chão para conversar, puxei assunto, prendi a cachorra e fui gentil. Não torci o nariz. Foi bom.

Esperei eles irem embora para catar os pedaços, dar banho, vestir a roupa enquanto ele corria pelado. Arrumei a cozinha. Ouvi blues. Terminei a cerveja e preparei os remédios para a ressaca. Coloquei até a garrafa de água ao seu lado. Foi bom.

Fui a boa esposa.
Fiquei feliz.

sexta-feira, dezembro 21, 2007

the bigger the tree...

Sempre que o meu irmão leva/dá um pé na bunda ele vai embora deixando muitas coisas. Às vezes eu sinto falta das mulheres dele, noutras comemoro com champagne. Mas na realidade quem sempre sai ganhando sou eu, não importando a alegria ou a tristeza que é deixada. Ano passado eu ganhei a Frida, esse ano acabo de ganhar isso:




Só que eu ainda não estou certa se gostei ou não.
Ainda estou um tanto paralisada/chocada com o tamanho da coisa e me perguntando porque ele precisa ser megalomaníaco até no tamanho da árvore de natal. Quando eu aceitei pelo telefone não fazia idéia do tamanho. E fiquei triste ao imaginar uma árvore de natal novinha jogada no lixo. Ia ser poético, mas não resisti. Agora sempre que encontro e literalmente esbarro com ela sempre que me locomovo pela casa temo que esquilos saiam de dentro dela e me ataquem.

Terei pesadelos esta noite e terei medo de ir ao banheiro.

mudei de novo

E lá vamos nós.

Henry Miller - Trópico de Câncer.

"Bom, vou juntar essas páginas e me mudar. As coisas acontecerão em outro lugar. Sempre acontecem. Parece que para onde quer que eu vá, tem drama. As pessoas são como piolhos, entram na sua pele e grudam. A gente se coça até sangrar, mas nunca está totalmente despiolhado. Em todo canto aonde vou, as pessoas estão criando uma confusão. Cada um tem a sua tragédia pessoal. Está no sangue agora: a infelicidade, o tédio, a aflição, o suicídio. O ambiente está cheio de problemas, frustração, futilidade. Coce sem parar até não sobrar mais pele. Mas o efeito em mim é hilariante. Em vez de desanimar ou ficar deprimido, eu gosto. Cada vez choro por mais problemas, por calamidades ainda maiores, por fracassos ainda maiores. Quero que o mundo inteiro se arrebente, quero que todos se cocem até morrer".
Ando tendo sonhos estranhos, dores estranhas e vontades esquisitas. Ando dormindo a tarde inteira e a noite também e lendo livros diferentes e com a sensação de que algo larger than life se aproxima. Não sei o que é, mas gosto assim.

quinta-feira, dezembro 20, 2007

all we need is love

Sagitarianos são tortos. Sagitarianos, eu não gosto deles. Sagitarianos são meio estúpidos e sagitarianos são meio malucos. Nascemos pequenos ditadores que não aceitam podas nas asas.
Eu não acredito em nenhuma dessas baboseiras.
Mas no meu mundo de sagitarianos há apenas um que eu amo. Mas ele é um falso sagitariano. Sempre lhe digo.

E é impossível falar dele. É impossível porque eu não sei explicar. É nosso. Somos nós. É a nossa freqüência. Sou eu e é você. Está no nosso travesseiro. Esta nos nossos genes. Somos nós. Está na água que bebemos. It’s the special way we fuck.

Eu nunca acreditei.
Achava medíocre, triste e absolutamente impossível.
Agora uso vestidos de verão e procuro sua aprovação a cada passo que tomo.
Você veio e mostrou que não.
Colou as veias. As artérias voltaram a pulsar. Eu virei eu. Apenas para te dar tudo o que era meu. Você juntou os cacos, fez os remendos e deixou tudo bonito.

Eu parei de plantar musgos e caramujos.
Somos nós.
Está na obsessão de contar os teus cílios quando você não está olhando.
Esta na tua mão,
Na minha.

segunda-feira, dezembro 17, 2007

TODAY

Acordei sem vontade de acordar.
Queimei os dedos todos na panela fervendo. Rapaz como isso dói. Arde.
Matei uma barata que estrebuchava no chão da cozinha. Ouvi o estalido rompendo a carapuça dura, sai de cima. Limpei o mijo da cachorra e a coloquei de castigo no quintal. Pensei em não ir trabalhar, mas já havia perdido o sono.
Cheguei atrasada e ruminei. Ouvi o estalido da minha carapuça dura se rompendo e continuei.
Meio dia eu estava de volta.
Havia comprado cigarros, cerveja, colocado uma roupa para lavar, assistido a um filme e lido algumas páginas de um livro.
Arrastei correntes pela casa esperando ele chegar e me dar um sentido.
Esse é um dia como outro qualquer.

Captain's Log : Star date 15/12/2007

Pessoas na minha casa.

Eu: troquei o nome dos ex namorados, sapateei na cerveja, menti, falei a verdade, exagerei, peguei na mão, fiz biquinho, bebi e borrei a maquiagem. Ganhei presentes que amei. Tirei a roupa, mostrei na webcam (?), apaguei e no dia seguinte antes da ressaca me pegar, já estava novamente com o copo na mão. O que eu posso fazer se essa é a minha noção de felicidade? Alguns fazem tricô, outros escalam montanhas, uns correm atrás de amores impossíveis e ainda há aqueles que adoram bisbilhotar e imitar a vida dos outros por total falta de vida interior. Gente insossa, bege, longe de mim.

A minha noção de felicidade é essa. São poucos amigos que me fazem rir, me enchem o copo, nenhum dinheiro no banco, economias para as minhas viagens, planos que são refeitos de semana em semana, eu e ele. E fim.

Eu e ele e veremos o que o mundo guarda para mim.

E vamos embora.
Porque eu quero muito.
E tenho tudo nas minhas mãos.

sexta-feira, dezembro 14, 2007

Filosofia de vida

::Tatiana diz:
vc vive offline, troço.
r diz:
ai. essa é a minha vontade de sociabilizar. dura quinze minutos, eu envio emails e volto correndo para a minha casca.
::Tatiana diz:
vc tem problemas. temos problemas.
::Tatiana diz:
eu so quero beber e dormir.
r diz:
essa é uma boa vida.

jammed

Estou cansada de ser uma pessoa bagunceira. Prometi que eu não seria mais assim. Eu me esforço. Mas já estou tropeçando em garrafas, roupas, discos e livros. Eu arrumo todas as noites, mas volto. O João reclama porque é organizado. Eu inicio mil tarefas sem terminar nenhuma. Eu me sento aqui, fumo um cigarro, escrevo e bloqueio. Eu me lembro quando conseguia escrever 15 páginas por noite e sentir tudo aquilo que eu escrevia. Agora não acontece mais assim. Estou podando as minhas asas e não gosto disso. Estou me sentindo imprensada num copo de requeijão. Minha mente está completamente fechada para mim mesma

quinta-feira, dezembro 13, 2007

obrigada, chuva.
cansei da minha cara aqui.

quarta-feira, dezembro 12, 2007

happy birthday no one cares

Não se espantem se vocês receberem um email os convidando para o meu aniversário esse ano. Eu não tenho sequer amigos para convidar para o meu aniversário, mas esse ano, dado que o meu espirito Grinch anda demorando a dar as caras, achei que podia ser legal receber pessoas e tomar cervejas e conversar.

É claro que só vão aparecer aqueles que eu farei chantagem emocional, biquinho e que estão sentados a minha direita desde que o mundo é mundo. Queria mesmo era ser rica e mandar todo mundo do Paraná pegar um avião e vir pra cá. BH também. SP. Os cariocas não são meus amigos. Eles não gostam de mim.

Bem, who cares? Eu também não gosto deles.

terça-feira, dezembro 11, 2007

Black Tangled Heart

Eu tenho 25 anos. Daqui há 6 dias avançarei mais um ano. Paro por aqui. Jamais mencionarei a minha idade novamente. Morro de medo de não passar dos 27. Sempre achei que fosse ser assim. Mas a questão é que eu tenho 25 e avançarei mais um ano semana que vem. Se eu avançar dos 27 tenho certeza de que irei até os noventa e sete sentada na minha varanda, cuspindo fumo, tomando rum e apavorando a criançada da vizinhança. Vou ter uma pata gorda como animal de estimação e João ainda para massagear meus pés.

Fui retirada a fórceps. Fui trazida ao mundo antes que as dores do parto tomassem conta de mamãe. As dores viriam depois, 25 anos de puro prazer em ser a minha mãe. Isso não foi uma coisa fácil. De pessoas com problemas-em-controlar-o-temperamento já lhe bastava papai. Mas ela me teve. E me aturou. E me atura. E compra jabuticabas para mim e me obriga a almoçar na casa dela de vez em quando. Ela sabe que se depender de mim eu como queijo e gelatina com cerveja para sempre.

Mas o caso é que eu tenho 25 anos e já passei da fase de ter vergonha das coisas que eu gosto. E vocês sabem que os meus amores tendem a ser eternos. Só não são porque eu não sei perdoar. Não sou boa com perdão. Mas se não houver motivo para perdão carrego meus amores para sempre. Nesse black tangled heart há espaço de sobra. Mesmo que sempre insistam em partir dele. Eu sofro. Mas agüento porque minhas costas são fortes e não se quebram com facilidade.

Mas eu dizia que já passei da fase de sentir vergonha pelas coisas que amo. Já disse publicamente que gosto do George Michael e danço com o for the feet e choro pelo for the heart.

E isso tudo me leva a organização dos meus cds hoje de tarde. Sentada no chão com os cabelos pro alto e chorando sem saber o que fazer com todos aqueles cds e nenhum móvel ou gaveta para entulhar. O João é o cara que tem os cds mais legais do mundo. Uma grande variedade de conhecidos e muitos desconhecidos. Vamos lá, o rapaz já escreveu para uma revista de música e na minha opinião coruja os textos dele eram os mais legais.

Olhando os meus cds encontrei um que vem a ser todo o meu motivo de perda de vergonha na cara.

Silverchair.

Já comentei isso um dia. Acho que já confessei bêbada num quartinho escondido que eu estava no segundo ano da escola quando ouvia Silverchair desesperadamente e achava o Daniel Johns um gatinho lindo. Queria criar apesar de sermos praticamente da mesma idade. Mas eu queria criar. Eu sou uma alemã fajuta, sou italiana. Sou mama. Sou escandalosa e sonhava em ser voluptuosa. Dentro de mim mora essa mulher.

Silverchair sempre foi um amor bandido. Eu não queria que os outros soubessem desse meu amor. Não. Eu era a garota esquisita que ouvia coisas legais e jamais perderia tempo com uma bandinha tão teen, tão cópia, tão boba, sem nada a oferecer.

Pois então.
Silverchair.
Vim desabafar.
E agora por pensar que não tenho mais vergonha, porque já passei dessa idade, vim dizer queouvi a tarde inteira e fiquei cantando todas as canções não-esquecidas lá no fundo da minha memória de elefante que eu me orgulho em ter.

Mas agora, sinto que a vergonha voltou, e eu vou ali lavar o banheiro, tomar cerveja, ouvir Silverchair no escuro e reviver.

segunda-feira, dezembro 10, 2007

Nothing

Definitivamente não sou uma pessoa da tarde. Eu funciono bem de manhã e bem a noite, mas o horário entre 13 e 17 me mata. Eu estou em casa. Eu preciso ir ali comprar coisas na rua e fazer cópias da minha chave e parar de ir embora e deixar a porta aberta porque a outra cópia desapareceu. Mas o chaveiro é distante e eu não quero caminhar nesse sol. Eu não quero fazer nada nesse sol. Alguém quer?


Tudo o que eu tenho na minha geladeira são três cerejas, queijo e meio biscoto bono.

Depressão.

sábado, dezembro 08, 2007

para ana g.

1º) Pegue um livro próximo (PRÓXIMO, não procure);
2º) Abra-o na página 161;
3º) Procure a 5ª frase completa;
4º) Poste essa frase no seu blog;
5º) Não escolha a melhor frase nem o melhor livro;
6º) Repasse para outros 5 blogs.


"I sat on the couch in the dark still unable to belive what I had seen"



Charles.


Amaldiçôo:

1. Dani.
2. Tati.
3. Deni.
4 e 5: quem mais vem aqui?

para amanda




sexta-feira, dezembro 07, 2007

fico exposta aos meus pensamentos e fico louca.
é bom.
Eu sabia que um dia a gente se arrependeria de ter tantos livros/roupas/cds.

Toureando




Você viu o clipe novo do White Stripes?
Conquest?
É.
Não.
É legal. Jack White é um toureiro que no meio da tourada fica com pena do touro.
E?
Ele acaricia o touro e no fim o touro mata ele.
É uma boa metáfora.
Não é?
Você sabe que está acariciando o touro, não sabe?
Sei.
Bom.

terça-feira, dezembro 04, 2007

here it comes..... you know what

Enlouquecida.
Rangendo os dentes e deixando todo mundo louco.
Toca a campainha e eu corro dentro de casa esbarrando nos móveis e cultivando os hematomas nas coxas. Na boa, não prometa NADA para uma pessoa como eu. Eu sou terrível. Eu pareço criança esperando os convidados no dia do aniversário. Eu fumo mil cigarros, eu rôo as unhas que costumavam ser impecáveis, eu ligo para o João quinze vezes para reclamar. Eu ligo para todo mundo para reclamar. Só fico satisfeita quando toda a minha agenda do celular sabe pelo que eu estou passando. E dá-lhe chá de camomila, água com açúcar, príncipe valium e whisky barato. Nada. Eu checo se o interfone está no gancho mil vezes. Nada. Eu ligo para mim mesma para ver se o celular está dentro da área de cobertura. Nada. Eu puxo assunto com os vizinhos para justificar minha monitoria na varanda.

Grito o nome de qualquer um embaixo da mesa três vezes.
Nada.
Seis horas.

Ele não vem.

Ele me ligou quinze vezes dizendo que vinha.
Ele não veio.

Eu fico puta. Ligo pra companhia xingando toda a geração de entregadores, mando enfiar em qualquer orifício. Sou bem boa em mandar os outros fazerem isso.

Moço, NUNCA prometa para uma pessoa ligada em 220 na tomada da ansiedade e não cumpra. Essas pessoas enlouquecem. Saem da pele. Soltam fogo por qualquer buraco aberto. Qualquer.

Eu estou esperando.
Eles ficaram com medo de mim.
Amanhã às 7 da manhã prometeram.
Preparo a espingarda.
Vou para a porta.
Espero.
Nada.

segunda-feira, dezembro 03, 2007

cianureto

Eu asso o meu bolo com um vidro de fermento e outro de cianureto.

sexta-feira, novembro 30, 2007

I want you

Isso me persegue. Essa música é dona de um grande pedaço de mim.

Eu preciso dormir.

quinta-feira, novembro 29, 2007

Arrumar a vida, pôr prateleiras na vontade e na ação.
Quero fazer isto agora, como sempre quis, com o mesmo resultado;
Mas que bom ter o propósito claro, firme só na clareza, de fazer qualquer coisa!
Vou fazer as malas para o Definitivo.

i'm set free

O pior já passou, agradeço.
Agora posso respirar.
Agora que um objetivo está tocando a ponta dos dedos eu começo a baixar a guarda e sorrir pro mundo. Sim, eu sorrio e bastante quando as coisas estão saindo da exata forma que eu quero. Controladora dos infernos, não sei deixar a direção na mão dos outros. Não, nunca. Eu gosto de estar no comando de tudo.

No exato momento eu amo todo mundo. Eu quero abraçar árvores, ser boa e sorrir para bebês. Baixou a jovem de nobre coração. Só até eu me transformar no texugo mal humorado que estou tão habituada. É que tanta coisa está funcionando – e eu não estou habituada a isso, eu sou uma boxeadora, estou sempre com a guarda levantada, eu espero o golpe. Mesmo assim nunca aprendi a não me jogar de cabeça nas situações. Nem sei se quero.

Sou sagitariana e adoro a idéia da minha casa dentro da minha mochila, mas também preciso desesperadamente daquele canto solitário. Preciso de paz. Preciso de um quintal e de ficar sozinha comigo. Eu preciso de paz externa para balancear o caos interno. Eu preciso organizar as idéias e escrever cartas para mim mesma e deixar os pesadelos na soleira. Eu preciso de uma vitrola soando no fundo, a nina cantando “I want a little sugar in my bowl”, um copo cheio, a cachorra nos pés e ele zanzado para lá e para cá orbitando.

Uma chuva de confetes na minha cabeça, margaridas irão me servir.
Eu lhe contarei todos os meus segredos, mas mentirei sobre o meu passado.

terça-feira, novembro 27, 2007

IT'S ALL OVER OVER OVER BABY!!!!!

Em outubro de 2006 eu e João surtamos com a oportunidade de não pagar nem aluguel nem condomínio e ainda termos uma vaga na garagem. O mundo seria perfeito e todos os nossos problemas estariam resolvidos num passe de mágica tcha-tchin. O maior problema do paraíso era a grande reforma que teria que ser feita. As paredes estavam fracas, ocas, os pisos e os móveis datavam de 1921 e as baratas e os cupins eram amigos e vizinhos de longa data. Então, quando acabamos de fazer a limpeza e jogar tudo fora – e quando eu digo tudo eu digo t-u-d-o inclusive as baratas e os cupins e o cadáver da minha bisavó que morava num armário – nós entramos em obra. Era 3 de março de 2007. Obra que é obra nunca tem prazo para acabar, mas eu me enganei dizendo que em junho TUDO estaria resolvido. Tolinha. Desde então o ano vem se arrastando em poeira, marretadas às 6 da manhã, caminhões de entulho, mais poeira e sujeira, minhas coisas reclusas num quartinho intocado e amontoado de caixas e livros e mais livros, e o meu guarda-roupa montado na sala de jantar da casa dos meus pais arruinando a decoração. A vida de todo mundo virou de cabeça para baixo. Em março eu era a senhora neurótica que media os interruptores me certificando de que eles estavam a 90° do solo, em perfeito alinhamento com o teto e chão e o panorama. Hoje eu sinto a urgência de subir num prédio com um rifle todas as vezes que me perguntam o que eu acho da parede nova e lisinha como bunda de neném. Todos os dias eu saio de casa para o trabalho tropeçando nos sacos de entulho, desaparecendo na bruma que se forma dos milhares de pacotes de cigarro Oscar e Derby fumados e me despeço do Walter e do Manoel, os pedreiros que penduram suas cuecas no banheiro e que eu estou quase convidando para passar o natal e serem padrinhos dos meus filhos, com pouca esperança. Ontem fiquei meia hora na cozinha dos meus pais ameaçando me matar se eles não me ajudassem a agilizar esse processo. Porque parece que eu estou num livro do Kafka presa numa situação que não consigo ir nem pra frente, nem pra trás e ninguém sabe me dizer quando acaba, quando começa, o que é e o que esperar. Daqui a pouco se completa um ano que não acordo numa cama de verdade e não preciso pensar: Será que hoje estamos mais perto de acabar do que ontem?

O que parecia impossível se concretizou, a obra ACABOU. É oficial. Peraí que eu preciso ir ali ficar quatro meses bêbada.

segunda-feira, novembro 26, 2007

sinner woman

Oh, sinner man, where you gonna run to?
Oh, sinner man, where you gonna run to?
Oh, sinner man, where you gonna run to?
Oh, sinner man, where you gonna run to all on that day?

sexta-feira, novembro 23, 2007

tango till i'm sore

O ano acabou.
Para mim acabou.
Muita coisa ainda está para acontecer, eu sei. Compromissos e compromissos para esses últimos dias, mas lá dentro, dentro de mim, 2007 acabou.
Minha vizinha arrumou a árvore para os filhos pequenos. Eles eram pura alegria. Eu arrumei meus armários e joguei tudo fora. Acordei louca, arranquei tudo de dentro, espalhei pelo chão. Dei as minhas roupas, dei as roupas do João. Já não guardo nada que não me sirva. Me arrependi de ter queimado meus diários da pré-adolescência, mas não sinto falta deles. Eu quero que 2008 seja repleto de espaço para coisas novas.

Senti que o meu pior ciclo chegou ao fim. O meu ciclo de confusão e cinzas, e chegou ao fim com direito a pá, cova e terra.

Muitas confusões ainda virão porque eu sou eu e sempre serei. Mas o que me vem agora eu não conheço, e é desse jeito que eu gosto, olhar pra frente e não ver direção. É nesse estado que me acho.

De 2007 fica a minha viagem a Buenos Aires, parte fundamental de muitas coisas que foram brotadas, a obra maldita que me pôs suspensa no ar sem rede de proteção por 8 meses, as cordas pobres de sustentação que se romperam dentro de mim, o fim do meu ostracismo absoluto e a sorte de encontrar conexões inexplicáveis e amizades próximas e distantes que me olham no olho, seguram na minha mão e riem da cara do mundo. E principalmente o papel principal e até maior que o meu que Ele tem.

Hoje é 23 de novembro e eu estou satisfeita.

Aguardando as páginas dos próximos capítulos.

i wear black on the outside because i feel black on the inside

já me matei faz muito tempo
me matei quando o tempo era escasso
e o que havia entre o tempo e o espaço
era o de sempre
nunca mesmo o sempre passo
morrer faz bem à vista e ao baço
melhora o ritmo do pulso
e clareia a alma morrer de vez em quando
é a única coisa que me acalma

quinta-feira, novembro 22, 2007

i gave my life to a simple chord

Comprar um celular walkman com bastante memória para as minhas músicas foi a minha decisão mais sábia. Eu interpreto canções. Eu gosto de musicais. Eu acho normal querer dançar pelas ruas e sapatear na chuva. Qual é? i gave my life to a simple chord. Eu às vezes esqueço da música, mas ela sempre volta mais forte na minha vida. Em breve terei um mini estúdio no centro da minha sala de estar. Porque eu preciso cartasear, eu preciso cantar e compor nem que seja para cantar no chuveiro. Eu preciso dar as minhas interpretações para canções dos outros. Eu preciso chorar com ela. Eu preciso ser assim.

Quem gostou mesmo do celular walkman foram os meus amigos de trabalho. Agora eles possuem provas irrevogáveis de que sou louca de pedra e que me empregaram por pena.

segunda-feira, novembro 19, 2007

alien inside

Feriado prolongado. Eu de pernas pro ar. Mas sem paz, nenhuma paz. Eles trabalham e trabalham e dão as últimas marretadas. Eu feliz e ansiosa ao mesmo tempo. Comprando coisas, finalizando histórias, bebendo pra relaxar, escrevendo no escuro para catarsear. As coisas estão prestes a chegar exatamente onde eu queria.

brother in arms

Uma mulher pode destruir um homem se ela desejar. E ela pode fazer isso silenciosamente sem ele nem se dar conta. Eu não sou nada feminista nem acredito em mulheres super pra frente que acham que ser moderna e cool e in é se portar como os homens - isso não me parece lá muito inteligente. Mas eu acredito em homens que são aniquilados por mulheres (na verdade em mulheres aniquiladas por homens, homens aniquilados por homens e mulheres aniquiladas por mulheres também).

Principalmente quando deixamos. Porque a gente sempre deixa ser aniquilado por alguém ou por alguma coisa e a gente sempre sabe, mesmo que finjamos não saber. No caso o indivíduo em questão faz tudo de errado, tudo pela metade, tudo da forma mais burra e "esperta" possível (eu também odeio pessoas "espertas" mas isso fica para depois), influenciado por uma mulher aniquiladora. E depois que as coisas se transformam em inferno ele culpa a má sorte, o olho gordo, a inveja. Nunca a mulher.

Por mais que ninguém nos obrigue a fazer nada é fato que existem pessoas-tijolo que se grudam nos nossos calcanhares e nos levam para o fundo do oceano. Não cabe a nós segui-las ou curá-las, mas simplesmente walk away.

Aliás, inveja de quê, queridão? Se a sua vida está tão miserável a gente vai ter inveja de quê? Eu odeio quem justifica marés ruins como um sentimento vindo do outro, o inferno são os outros, não sou eu, eu faço tudo certo, é a vida quem não sorri para mim de jeito nenhum.

Isso é no mínimo patético.

sexta-feira, novembro 16, 2007

enchanted prince

Alfredo Garcia. O homem que me salvou de um ataque de pânico. Alfredo Garcia fez o impossível e se transformou no meu cavaleiro com espada em punho e cavalo a trote. Não só meu como do João também. Fui salva por um Alfredo Garcia. Brindarei a isso.

is over

Não é só comida que tem prazo de validade vencido. Muitas relações também. Tenho uma em particular que está com a aparência duvidosa faz tempo, mas eu continuo insistindo não sei bem porque. Porque a gente tende a insistir em coisas que acabaram?

The end

As obras estão acabando. Pausa. Vamos repetir isso com mais suavidade e menos sofreguidão: as-obras-estão-acabando. E dessa vez não é piada, é olá casa sem poeira e banheiro sem cuecas de pedreiros. Bem vindos livros enfileirados e sanidade. Ah querida sanidade, como você me fez falta por aqui. As coisas andavam mal sem a sua presença. Eu quase morri algumas vezes. Falava sozinha, gritava no meio da noite. Muitas vezes ameacei sair de casa para comprar cigarros e nunca mais voltar. Não foi fácil, não foi nada fácil. Mais aos poucos as coisas vão se encaixando. Aos poucos.

Eu costumava odiar essa expressão: aos poucos vai. Na verdade eu costumava odiar qualquer expressão relacionada com paciência, resignação, espera, calmaria. Eu, a rainha do para ontem e nunca pela metade. Continuo assim, mas como diria Mick: You can’t always get what you want but if you try sometimes you can get what you need. E não é sempre que me basta, mas as vezes é o que preciso.

these days




Meu tema atual.

terça-feira, novembro 13, 2007

Dia das dores verdadeiras

Dores generalizadas pelo corpo todo. Dores. Dores. Meus quadris doem. Meus joelhos. Meus olhos e o meu coração. Gosto de acreditar que não sou uma pessoa sensível e que estou acima de pieguices, mas ainda existem coisas que me pegam pelas bolas e me atiram de cara no chão. Não aguento dor. Dor de verdade, dor de 53 anos, dor do último beijo no caixão. Dor de um abraço cadavérico. Histórias de amores sempre me deixam de joelhos. O que dizer? Sou uma romântica das antigas. Que acredita em amores que matam. Em amor de maldição.

Cada vez mais o meu ideal de vida se aproxima de uma casa isolada do mundo, meus bichos, meus drinks, meus livros, meus discos, meu marido e uma espingarda.

please kill yourself

Eu não sou contra a análise ou qualquer outro tipo de terapia, mas eu não levo a sério. Conheço gente que se dá bem e que realmente melhora e talvez para algumas pessoas seja uma coisa boa. Mas para a maioria é só muleta. Confesso que procuraria só se estivesse com vontade de ouvir sobre a minha pessoa. Melhor ainda, eu procuraria para dizer para a minha mãe: "oi, meu bem, não exija muito de mim, olha, tenho respaldo médico atrás de mim, é muito sério, coitada de mim". Muita coisa em mim não funciona muito bem, mas eu sei exatamente quais são essas coisas. Na verdade o problema não é a análise ou os remédios, o problema são as pessoas (como sempre). Acontece que o que eu mais tenho encontrado dia após dia, dia após dia, é gente que tem preguiça, gente cheia de nhé, nhé, nhé, gente com complexo de Peter Pan, dizendo que não consegue fazer as coisas porque são "doentes". Eu odeio gente que anda com uma placa pendurada no pescoço: "Sou deprimido, me aceite como sou, me ame e faça as coisas por mim, eu não consigo, sou emocionalmente desequilibrado, vou morrer, me matar, óóóó". Por favor, vá em frente. Isso é uma das coisas que mais me afeta.

Não sei se é porque eu nunca dei desculpas para mim mesma para ser livre. Na verdade eu dei sim, perdi alguns anos dando essas desculpas. Agora se eu quero alguma coisa eu pego, eu faço, eu dou um jeito. Ir com a maré nunca mais. Nunca mais. Eu nunca fui muito boa nisso mesmo.

sábado, novembro 10, 2007

Velvet

Me lembrem que preciso escrever sobre esse filme:


no pipoca com cerveja.

quinta-feira, novembro 08, 2007

under my thumb

Aos poucos o meu quebra cabeça vai encaixando as peças. Eu não digo que está tudo bem porque não gosto de divulgar vitórias e atrair coisas ruins. Já tive a minha cota disso. Eu só sei que não peço desculpas por absolutamente nada do que aconteceu. Eu nunca me traí, eu nunca dei as costas para ninguém, eu nunca agi de má fé (a não ser nas horas que quis). A lição mais perigosa que aprendi nos últimos dois anos é que as pessoas vivem dizendo que preferem a sinceridade cruel à falsidade dos sorrisos, mas mentem. Pelo menos não tenho medo de dizer que não gostei, que me machucou, que doeu, que eu não engoli. Eu jamais darei abraços hipócritas. E ninguém sabe encarar isso e sempre encontram o caminho mais fácil da covardia. É sempre assim: fulana me confronta, vamos fugir, porque ela não pode mentir e mostrar um pouco de doçura?

Porque não.
Desculpa, não.
Não trabalhamos com sentimentos pequenininhos por aqui.
Eu sei olhar no olho e pedir o quero e dizer o que sinto quando pedem a minha opinião. Eu sei dar até a última coisa minha se me garantirem que é solo seguro. Até quando não me garantem eu dou. E me fodo. Sempre. Porque eu insisto nos amores e insisto em verdades. Depois me canso. Talvez seja do tipo de garota que se pode pisar um pouquinho, o problema é que quando canso é definitivo e sem volta. O que importa é que no fim sou eu que saio com a consciência tranqüila.

story of my life

Quem pega na minha mão e canta comigo?


Well, it seems to me that you have seen too much in too few years.
And though youve tried you just cant hide
Your eyes are edged with tears.

You better stop
Look around
Here it comes, here it comes, here it comes, here it comes
Here comes your nine-teenth nervous breakdown

quarta-feira, novembro 07, 2007

back to black

sobre o meu cabelo?
BACK TO BLACK.

terça-feira, novembro 06, 2007

murphy me odeia

continuo sem internet e sem casa sem obra. chuva é igual a minha falta de casa sem obra. murphy tentando arruinar mais uma das minhas paixões: a chuva.

i'll have my kicks before the whole thing goes out in flames

Ter uma infância e uma adolescência esquisita faz você se sentir muito especial com a passagem dos anos. Quando eu via os meus amiguinhos sendo os primeiros da classe e depois pensando nas muitas carreiras que poderiam exercer se quisessem, eu não os invejava. Quando chegou a faculdade e todos eles fizeram milhares de amizades, acamparam no mato e transaram em volta das lareiras sendo jovens e felizes e sonhando com o dia que eles se formassem, ganhassem dinheiro, fossem realmente e-s-p-e-c-i-a-i-s naquilo que exerciam, eu estava ocupada arrancando os cotovelos da vida do meio das minhas costelas. Eles sonhavam com o dia em que os aplausos esperados e o sentimento de preenchimento seriam palpáveis como uma parede de aço, e eu por razões óbvias não compartilhei desses sentimentos.

Pensar que você não serve para nada e que não faz nada de bom durante um longo período da vida é de certa forma edificante. Eu deixei as coisas acontecerem sem planos e quando todos davam com a cara no chão ao perceber que jamais seriam a metade das coisas que sonhavam em ser, eu já tinha colocado meus dentes no lugar, cuspido o sangue, sacudido as cinzas do vestido e calçado as minhas botas. Não fui ensinada a ser qualquer coisa, fui ensinada e me tornar certa coisa por meu próprio mérito.

Se algo desperta o meu desejo eu persigo implacavelmente porque sei que as coisas boas felizmente não nascem em árvores. O pior é ter que ouvir que elas são fáceis para mim. Que eu sempre arrumo um jeito de conseguir o que quero. Isso é verdade, mas ninguém conhece os arranhões que ficam na pele e os mortos e os escombros que você acaba deixando pelo caminho.

segunda-feira, novembro 05, 2007

Liar

Eu não gosto mais da chuva. Mentira, eu gosto sim. A chuva tem atrasado os meus dias e aumentado os meus problemas. Mentira, só eu consigo fazer isso comigo. Eu estou sem computador, a internet não funciona, não quer funcionar e eu não sei o que fazer. E isso é uma verdade. Eu estou incomunicável. Mentira, ainda tenho o meu celular. Mas não gosto dele. Isso é verdade.

quinta-feira, novembro 01, 2007

caos completo

minha mesa é um caos.
eu sou O caos completo.
minhas bolsas cheias de papéis e entulhos, meu cabelo embaraçado, meu armário bagunçado e meus horários uma loucura. só eu me encontro na minha confusão, mas não poderia ser de nenhuma outra forma.

falta uma hora para o fim do expediente e eu estou pulando da cadeira para fora daqui. o meus planos são de caminhar até a minha casa, preencher a geladeira de coisas poucos saudáveis, abrir a cadeira de praia no quintal, ligar o som e passar o feriado assim. little little.

Soon. Soon.

quarta-feira, outubro 31, 2007

I don't know how many bottles of beer
I have consumed while waiting for things
to get better
I dont know how much wine and whisky
and beer
mostly beer
I have consumed after
splits with women-
waiting for the phone to ring
waiting for the sound of footsteps,
and the phone to ring
waiting for the sounds of footsteps,
and the phone never rings
until much later
and the footsteps never arrive
until much later
when my stomach is coming up
out of my mouth

well, there's beer
sacks and sacks of empty beer bottles
and when you pick one up
the bottle fall through the wet bottom
of the paper sack
rolling
clanking
spilling gray wet ash
and stale beer,
or the sacks fall over at 4 a.m.
in the morning
making the only sound in your life.

beer
rivers and seas of beer
the radio singing love songs
as the phone remains silent
and the walls stand
straight up and down
and beer is all there is.

sábado, outubro 27, 2007

fim de semana

Acho que eu deveria ser proibida de entrar na livraria da Travessa e ir para o bar depois. Tenho 53 reais na minha conta e ainda não paguei as contas ou o mercado. Okay, agora é hora de improvisar.



fire

quarta-feira, outubro 24, 2007

parado

O trânsito está parado. O trânsito não está lento. Não está congestionado. O trânsito está parado. Literalmente. Há um mesmo caminhão na esquina da minha rua há mais de 50 minutos sem mover um centímetro. Todos os planos e horários suspensos por hoje. Querido Deus, tudo na minha vida tem que ser assim? Ou 8 ou 80?

i'm in the edge of something

Quando escuto Jesus and Mary Chain sobe um arrepio na espinha e eu quero correr para a minha guitarra e para o meu pedal e para o meu amplificador. É algo maior. Mas eu preciso esperar mais algumas semanas.

quem dança comigo?

terça-feira, outubro 23, 2007

Rainy Day Woman

Botas de combate, guarda chuva, jeans e camiseta. Essa costumava ser a Rachel feliz dos dias de semana chuvosos. Costumava até essa manhã. Até eu colocar os pés fora da cama e seu Walter, meu novo melhor amigo também meu pedreiro que chega bêbado de madrugada e me pede abrigo, anunciar que por causa da chuva ele terá que trabalhar dentro de casa. O isso significa para mim? Atraso no lado de fora da casa. Nuvens negras se formaram literal e figuradamente falando sobre a minha cabeça. Estou a um passo de subir num prédio com um rifle. Quem me acompanha?

segunda-feira, outubro 22, 2007

roll the dice

if you’re going to try, go all the
way.
otherwise, don’t even start.

if you’re going to try, go all the
way.
this could mean losing girlfriends,
wives, relatives, jobs and
maybe your mind.

go all the way.
it could mean not eating for 3 or 4 days.
it could mean freezing on a
park bench.
it could mean jail,
it could mean derision,
mockery,
isolation.
isolation is the gift,
all the others are a test of your
endurance, of
how much you really want to
do it.
and you’ll do it
despite rejection and the worst odds
and it will be better than
anything else
you can imagine.

if you’re going to try,
go all the way.
there is no other feeling like
that.
you will be alone with the gods
and the nights will flame with
fire.

do it, do it, do it.
do it.

all the way
all the way.

you will ride life straight to
perfect laughter, its
the only good fight
there is.

Bukowski

jogue os dados
se você for tentar, vá até o fim
do contrário, nem comece.
se você for tentar, vá até o fim.
isso pode significar perder namoradas,
esposas, parentes, empregos e
talvez a cabeça.

vá até o fim.
isso pode significar não comer por 3 ou 4 dias.
isso pode significar congelar em um
banco de praça.
isso pode significar cadeia,
isso pode significar cair no ridículo,
no escárnio,
isolamento.
o isolamento é uma benção.
todo o resto é um teste a sua
resistência, do
quanto você realmente
quer fazê-lo.
e você irá fazê-lo
apesar da rejeição e das piores probabilidades
e será melhor do que
qualquer outra coisa
que você possa imaginar.

se você for tentar,
vá até o fim.
não há outro sentimento como
esse.

você ficará sozinho com os deuses
e as noites se acenderão em
chamas.

vá, vá, vá,

até o fim
até o fim.
você direcionará a vida para o
riso perfeito, essa
é a única boa luta
que existe.

time is on my side

Favor alguém acrescentar horas aos meus dias. É desumano ter que raspar as pernas, ler três livros simultaneamente, catar feijão, dar banho na cachorra, dar atenção para o marido, alinhar as sobrancelhas, fazer as unhas dos pés, lavar a roupa, ler os textos, terminar o romance, deixar o patrão feliz, entregar o trabalho no prazo, estudar para prova, passar a matéria a limpo, rastejar para fora da cama as seis da manhã, comprar mantimentos, caminhar e perder a barriga de chopp, voltar a caber nos meus jeans preferidos, lavar o tênis, fazer estágio, baixar uns discos, baixar uns filmes, almoçar em 15 minutos antes do expediente começar, escrever no diário, escolher os armários da cozinha, chorar por sapatos caros demais e ainda assim ser a mulher mais bonita do mundo num domingo chuvoso de gripe. Alguém socorre?

Sério. Preciso. Essa vida de mulher decente tá acabando comigo.

sexta-feira, outubro 19, 2007

white girl

Rio 40 graus. O inferno começa. O asfalto queima, queima, queima. Minha cabeça lateja.

Praça da Bandeira, Zona Norte, Meio-dia. Que péssima combinação.

Eu suando. Suando e gotejando dentro das roupas. Tendo miragens. Vendo a água da piscina que só chega nas férias. O friozinho da noite mesmo que durante o dia tenha feito um sol infernal. E o mato fresquinho. E a cachoeira geladinha. E a cerveja gelando e a hidromassagem ligada. Sauna não, por favor, já faço diariamente bem aqui.

Fico tendo essas visões enquanto os cheiros mais exóticos, típicos do verão, assaltam minhas narinas e se misturam e me embriagam. E fico sorrindo boba pensando que um dia as férias chegam. Um dia eu serei feliz. Logo. Olá desbunde. Sombra. Água fresca. Cigarettes and Alcohol.

Prometo até tentar voltar com uma marquinha de biquíni – mesmo odiando esta prática com todas as minhas forças. Mas na verdade acho mesmo que estou precisando de uma corzinha, já que já começei a causar comoção entre os tijucanos.

Já causei horror no banheiro da faculdade e acabei assustando, dessa vez de forma não intencional, duas meninas loiras, torradas de sol que falavam sem parar sobre como perder peso e academia. No exato momento que entrei, ambas, muito indelicadamente, interromperam a conversa e seus olhos não desgrudaram mais de mim.

Sem saber o que estava errado permaneci lavando as mãos e ajeitando as malditas calças que insistem em cair apesar da largura dos meus quadris. Uns segundos depois, intimidada pelo silêncio e desconfiada, busquei explicação para tamanho espanto no espelho. E lá estava, bem entre as duas garotas-cariocas-swing-sangue-bom, eu azul. Pálida. Comprida. Transparente. Cabelos negros. Olheiras.

Até eu me estranhei. E olhei duas vezes.

Acontece que eu não pego sol. Eu odeio sol. Odeio. E morro de medo de ficar igual a Brigitte Bardot. Sempre lembro da minha mãe dizendo: “Ela ficou assim porque pegou muito sol”. E desde criança tomei duas decisões na minha vida: a de nunca pegar sol e a de nunca ter bochechas caídas como as da Brigitte.

Dia desses uma nova situação embaraçosa. Uma senhora enorme e negra fazia as unhas na minha frente enquanto eu aguardava a minha vez. E ela perguntou:
- Você é branca assim mesmo?
Tive vontade de responder que não, que na verdade eu era verde, mas fui boa e disse que sim. E ela continuou:
- Se você pegar sol você fica vermelha?
Novamente atacada pelo súbito desejo de dizer que não, que na verdade eu ficava roxo repolho. Mas me eduquei e respeitei os seus cabelos brancos. A velha era insaciável.
- Mesmo que você pegue muito sol permanecerá vermelha?
Fiquei calada com aquele sorriso de espasmo na cara. Não quis responder.
- Que pena, não é minha filha?
O soco final.

Está certo que eu já desejei ter nascido negra, grande, com voz de Nina Simone e um pouco de ritmo. Já ouvi tanto blues que achava que se me descascassem eu veria uma cor lá dentro. Mesmo assim não gosto que façam a minha cor atual piada nacional. Eu deveria processar a todos, ficar rica e pagar umas sessões de bronzeamento artificial.

Mas não, eu acho que não.