quarta-feira, outubro 31, 2007

I don't know how many bottles of beer
I have consumed while waiting for things
to get better
I dont know how much wine and whisky
and beer
mostly beer
I have consumed after
splits with women-
waiting for the phone to ring
waiting for the sound of footsteps,
and the phone to ring
waiting for the sounds of footsteps,
and the phone never rings
until much later
and the footsteps never arrive
until much later
when my stomach is coming up
out of my mouth

well, there's beer
sacks and sacks of empty beer bottles
and when you pick one up
the bottle fall through the wet bottom
of the paper sack
rolling
clanking
spilling gray wet ash
and stale beer,
or the sacks fall over at 4 a.m.
in the morning
making the only sound in your life.

beer
rivers and seas of beer
the radio singing love songs
as the phone remains silent
and the walls stand
straight up and down
and beer is all there is.

sábado, outubro 27, 2007

fim de semana

Acho que eu deveria ser proibida de entrar na livraria da Travessa e ir para o bar depois. Tenho 53 reais na minha conta e ainda não paguei as contas ou o mercado. Okay, agora é hora de improvisar.



fire

quarta-feira, outubro 24, 2007

parado

O trânsito está parado. O trânsito não está lento. Não está congestionado. O trânsito está parado. Literalmente. Há um mesmo caminhão na esquina da minha rua há mais de 50 minutos sem mover um centímetro. Todos os planos e horários suspensos por hoje. Querido Deus, tudo na minha vida tem que ser assim? Ou 8 ou 80?

i'm in the edge of something

Quando escuto Jesus and Mary Chain sobe um arrepio na espinha e eu quero correr para a minha guitarra e para o meu pedal e para o meu amplificador. É algo maior. Mas eu preciso esperar mais algumas semanas.

quem dança comigo?

terça-feira, outubro 23, 2007

Rainy Day Woman

Botas de combate, guarda chuva, jeans e camiseta. Essa costumava ser a Rachel feliz dos dias de semana chuvosos. Costumava até essa manhã. Até eu colocar os pés fora da cama e seu Walter, meu novo melhor amigo também meu pedreiro que chega bêbado de madrugada e me pede abrigo, anunciar que por causa da chuva ele terá que trabalhar dentro de casa. O isso significa para mim? Atraso no lado de fora da casa. Nuvens negras se formaram literal e figuradamente falando sobre a minha cabeça. Estou a um passo de subir num prédio com um rifle. Quem me acompanha?

segunda-feira, outubro 22, 2007

roll the dice

if you’re going to try, go all the
way.
otherwise, don’t even start.

if you’re going to try, go all the
way.
this could mean losing girlfriends,
wives, relatives, jobs and
maybe your mind.

go all the way.
it could mean not eating for 3 or 4 days.
it could mean freezing on a
park bench.
it could mean jail,
it could mean derision,
mockery,
isolation.
isolation is the gift,
all the others are a test of your
endurance, of
how much you really want to
do it.
and you’ll do it
despite rejection and the worst odds
and it will be better than
anything else
you can imagine.

if you’re going to try,
go all the way.
there is no other feeling like
that.
you will be alone with the gods
and the nights will flame with
fire.

do it, do it, do it.
do it.

all the way
all the way.

you will ride life straight to
perfect laughter, its
the only good fight
there is.

Bukowski

jogue os dados
se você for tentar, vá até o fim
do contrário, nem comece.
se você for tentar, vá até o fim.
isso pode significar perder namoradas,
esposas, parentes, empregos e
talvez a cabeça.

vá até o fim.
isso pode significar não comer por 3 ou 4 dias.
isso pode significar congelar em um
banco de praça.
isso pode significar cadeia,
isso pode significar cair no ridículo,
no escárnio,
isolamento.
o isolamento é uma benção.
todo o resto é um teste a sua
resistência, do
quanto você realmente
quer fazê-lo.
e você irá fazê-lo
apesar da rejeição e das piores probabilidades
e será melhor do que
qualquer outra coisa
que você possa imaginar.

se você for tentar,
vá até o fim.
não há outro sentimento como
esse.

você ficará sozinho com os deuses
e as noites se acenderão em
chamas.

vá, vá, vá,

até o fim
até o fim.
você direcionará a vida para o
riso perfeito, essa
é a única boa luta
que existe.

time is on my side

Favor alguém acrescentar horas aos meus dias. É desumano ter que raspar as pernas, ler três livros simultaneamente, catar feijão, dar banho na cachorra, dar atenção para o marido, alinhar as sobrancelhas, fazer as unhas dos pés, lavar a roupa, ler os textos, terminar o romance, deixar o patrão feliz, entregar o trabalho no prazo, estudar para prova, passar a matéria a limpo, rastejar para fora da cama as seis da manhã, comprar mantimentos, caminhar e perder a barriga de chopp, voltar a caber nos meus jeans preferidos, lavar o tênis, fazer estágio, baixar uns discos, baixar uns filmes, almoçar em 15 minutos antes do expediente começar, escrever no diário, escolher os armários da cozinha, chorar por sapatos caros demais e ainda assim ser a mulher mais bonita do mundo num domingo chuvoso de gripe. Alguém socorre?

Sério. Preciso. Essa vida de mulher decente tá acabando comigo.

sexta-feira, outubro 19, 2007

white girl

Rio 40 graus. O inferno começa. O asfalto queima, queima, queima. Minha cabeça lateja.

Praça da Bandeira, Zona Norte, Meio-dia. Que péssima combinação.

Eu suando. Suando e gotejando dentro das roupas. Tendo miragens. Vendo a água da piscina que só chega nas férias. O friozinho da noite mesmo que durante o dia tenha feito um sol infernal. E o mato fresquinho. E a cachoeira geladinha. E a cerveja gelando e a hidromassagem ligada. Sauna não, por favor, já faço diariamente bem aqui.

Fico tendo essas visões enquanto os cheiros mais exóticos, típicos do verão, assaltam minhas narinas e se misturam e me embriagam. E fico sorrindo boba pensando que um dia as férias chegam. Um dia eu serei feliz. Logo. Olá desbunde. Sombra. Água fresca. Cigarettes and Alcohol.

Prometo até tentar voltar com uma marquinha de biquíni – mesmo odiando esta prática com todas as minhas forças. Mas na verdade acho mesmo que estou precisando de uma corzinha, já que já começei a causar comoção entre os tijucanos.

Já causei horror no banheiro da faculdade e acabei assustando, dessa vez de forma não intencional, duas meninas loiras, torradas de sol que falavam sem parar sobre como perder peso e academia. No exato momento que entrei, ambas, muito indelicadamente, interromperam a conversa e seus olhos não desgrudaram mais de mim.

Sem saber o que estava errado permaneci lavando as mãos e ajeitando as malditas calças que insistem em cair apesar da largura dos meus quadris. Uns segundos depois, intimidada pelo silêncio e desconfiada, busquei explicação para tamanho espanto no espelho. E lá estava, bem entre as duas garotas-cariocas-swing-sangue-bom, eu azul. Pálida. Comprida. Transparente. Cabelos negros. Olheiras.

Até eu me estranhei. E olhei duas vezes.

Acontece que eu não pego sol. Eu odeio sol. Odeio. E morro de medo de ficar igual a Brigitte Bardot. Sempre lembro da minha mãe dizendo: “Ela ficou assim porque pegou muito sol”. E desde criança tomei duas decisões na minha vida: a de nunca pegar sol e a de nunca ter bochechas caídas como as da Brigitte.

Dia desses uma nova situação embaraçosa. Uma senhora enorme e negra fazia as unhas na minha frente enquanto eu aguardava a minha vez. E ela perguntou:
- Você é branca assim mesmo?
Tive vontade de responder que não, que na verdade eu era verde, mas fui boa e disse que sim. E ela continuou:
- Se você pegar sol você fica vermelha?
Novamente atacada pelo súbito desejo de dizer que não, que na verdade eu ficava roxo repolho. Mas me eduquei e respeitei os seus cabelos brancos. A velha era insaciável.
- Mesmo que você pegue muito sol permanecerá vermelha?
Fiquei calada com aquele sorriso de espasmo na cara. Não quis responder.
- Que pena, não é minha filha?
O soco final.

Está certo que eu já desejei ter nascido negra, grande, com voz de Nina Simone e um pouco de ritmo. Já ouvi tanto blues que achava que se me descascassem eu veria uma cor lá dentro. Mesmo assim não gosto que façam a minha cor atual piada nacional. Eu deveria processar a todos, ficar rica e pagar umas sessões de bronzeamento artificial.

Mas não, eu acho que não.

quarta-feira, outubro 17, 2007

Quarta-feira

Don't let nobody go there for you
Don't be satisfied with a second-hand life
Don't let nobody stifle or bore you
Handle your troubles or take on your strife
Don't let nobody live your life for you
Not your friends, not your kids, no not even your wife
If you want to know where the rainbow ends
It's you who´ve got to go there and find it my friend

she can

Cheguei no escritório e vislumbrei sua porta fechada. Sorri cheia de dentes já sabendo que porta fechada é igual a ar condicionado ligado. Eu deveria ter desconfiado da felicidade. Sim, aquilo era real, a pessoas realmente resolveram almoçar em suas mesas evitando o calor da rua e como resultado um cheiro horrível de frango de padaria tomou conta de todos os cantos do salão. Até o banheiro está com cheiro de frango da padaria! Quem me conhece sabe que esse é um dos meus piores pesadelos. O cheiro de frango de padaria embrulha meu estômago sensível e me dá vontade de vomitar as tripas. Hoje não é o meu dia de sorte. Eu já deveria ter desconfiado quando rasguei minha perna com a gilete na cruel tentativa de usar bermudas nesse calor absurdo que faz lá fora.

Aqui

Achei o meu pequeno livreto. Motivo de orgulho meu! Rá! Publicada. Graças a uma amizade que nunca se materializou de verdade e que ficou perdida pelo Brasil.

segunda-feira, outubro 15, 2007

banana fish

morena



Eu, meu bronzeado e Frida se preparando para nadar.

muito azé

fim de domingo, fim de feriado, eu de ressaca, esmalte descascando, cabelo duro de cloro, assistindo a reprise de um programa exclusivo com o grupo axé blonde de julho de 1999. é por isso que eu não me permito assistir televisão. amanhã não vou trabalhar. tenho roupa para lavar, faxina para dar, manhã para berrar com a regina, pedreiros a apressar e coisas para engatilhar.

time is on my side.
e eu ando plantando rosas ao invés dos musgos e caramujos habituais.

dia das crianças: ganhei o teclado cor-de-rosa das meninas super poderosas ao invés do piano de cauda que pedi. quem sabe no natal?

see more glass

time is on my side.

quinta-feira, outubro 11, 2007

bye

Não acordei a tempo da primeira aula. Achei melhor assistir a segunda apenas para a consciência não ficar pesada – finjo que tenho uma. Está um sol de janeiro lá fora e eu preciso arrumar coragem para sair do ar condicionado, estresse número 1. Eu saio com roupas de verão. Antes de chegar ao local destinado, estresse número 2: caminhões da bope e do choque fecham as três avenidas principais e de dentro deles correm homens enormes armados até os dentes. Eu apresso o passo e não fico para ver o final da história. Já estou em quase todas as estatísticas e não quero estar em mais uma. Chego a faculdade suando dentro das minhas roupas, infeliz e amaldiçoando o fato de ter saído de casa.

Não há aula.

Estresse número três mil.

Caminho de volta para casa e quando chego fumo uns cigarros. Estou tentando parar com eles eu sei, mas eu mereço. Está calor, eu saí, eu enfrentei perigos, eu mereço aqueles cigarros.

Já entendi faz tempo que o meu lugar não é mais nessa cidade quente e feia e suja e estéril. O Rio de Janeiro é uma puta barata, feia, sem dentes e que não toma banho e que não vale nada. O Rio é imprestável.

Hoje estou indo embora andar na grama descalça, encher a bolsa de livros e discos, abrir uma garrafa de uísque na beira da piscina e simplesmente existir por todo o feriado.


segunda-feira, outubro 08, 2007

monday



Champagne de graça. Eu sentada no setor de literatura infantil. Vocês sempre poderão me encontrar no setor de literatura infantil. Eu sempre me escondo ali. Alguns copos de champagne depois e eu zonza indo comer alguma coisa. Segunda-feira e eu já fugindo de mim.


Parte de mim é um tango

má como eu

Sempre fico com a sensação de ser bruta demais. Fora do trabalho não há ninguém, mas por causa do trabalho João vai de um extremo ao outro conhecendo de motoboys a escritores metidos a besta. E às vezes topa com aqueles que eu jamais faria amizade – devo me julgar muito superior. Confesso que sou preconceituosa com pessoas metidas a articuladas ou refinadas. É preconceito vivo mesmo. É dificil respeitar opiniões refinadas porque elas sempre me parecem muito superficiais. É ainda mais dificil disassociar que não é porque sou sua amiga que sou como você. Eu sou amiga de travecos, cabelereiros que moram no complexo do alemão - e que ao invés de maquiagem pronunciam “maquinagem” – e pessoas simples que bebem cerveja no gargalo e entendem de ironia/sarcasmo e com o maravilhoso e raro dom de compreender/exercer senso critico e senso de humor. Eu falo de sacanagem, uso todos os palavrões que conheço numa sentença e defendo as minhas opiniões como se fossem a minha cria. Sou implacável. Implacável a ponto de no meio de uma noite já cervejada anunciar, sem papas, que jamais me casaria com um intelectual de merda. E anunciar a alguém que se julga um intelectual de merda. Rainha em criar situações inconfortáveis. Estou só nessa disputa.

Daí a minha brutalidade. E às vezes acho que esperam que mulheres sejam menos brutas. Ou me julgam pela capa e me consideram incapaz de tal atrocidade. Ao menos causo surpresa, depois do desconforto.

quinta-feira, outubro 04, 2007

yeah baby!

Sol e Lua entram em harmonia entre os dias 04/10 e 06/10, rachel, permitindo a você uma consciência mais crítica acerca das coisas que estão em sua vida, mas que não servem mais. Este é um momento de depuração muito forte, em que o joio é separado do trigo e, deste modo, você pode renovar sua vida, jogando fora o lixo (físico e mental).


Total.

segunda-feira, outubro 01, 2007

walk on the wild side

Quinta-feira quase aconteceu de novo. Rumei ao salão para pintar as unhas e acabei sentada na cadeira da Stephani implorando. Stephani, que como o próprio nome muitas vezes implica, “raspou as pernas e então ele era ela”, e que corta cabelos como muito cabeleireiro de madame não sabe. Stephani com as giletes é a melhor. Às vezes aparece cortada no salão por causa de briga, e isso aumenta o meu respeito. Pedi a ela que me tosasse, pedi que me depenasse, chorei que desistia de ser cabeluda, que não agüentava esperar, que eu não conseguia. Mas Stephani me ameaçou, disse que vai correr ordem nos salões das vizinhanças da mesma forma que mandou correr ordem para impedir que os botecos vendessem cana para o seu amor. Stephani é uma sacana. Eu não cortei o cabelo.

Voltei para casa cultivando o meu sonho atual em me transformar numa cabeluda, mulherzinha em potencial. Quem sabe daqui a um ano? Um dia ainda escrevo sobre Stephani e os meus cabelos a la cubanita.

***

Às vezes brinco que sou a garota da letra de Common People do Pulp. Eu cortei o cabelo – e depois deixei crescer – sai de casa, esqueci a faculdade e comecei tudo sozinha. A diferença é que lá no trabalho todas as meninas da minha idade já usam o raquítico salário para sustentar filho, marido, mãe e pai. Enquanto eu – bem casada e com apenas com uma filha canina – só preciso me preocupar em manter cerveja na geladeira, ração para a filha e azeitonas pretas para o marido. A saúde vai bem obrigada.

***

Gripe. Castigo dos céus. Sono, dor no corpo, garganta com dois gatos dentro. Quero cama. Quero massagem nos pés e chá quente. Chocolate quente pode ser também. Quero acordar em 2008. Será que se eu desejar com força acontece?

one, two, three, floor..

Para nós, pessoas comuns com sonhos comuns, o que importa é ter um fim de semana como o passado. Eu, reclusa por natureza e boa bebedora por hábito, não podia deixar passar o Festival A Cerva Carioca. O nome não é tão interessante e eu gostei de fazer piada sem graça com ele, porém o Festival me deixou do jeito que eu gosto: adormecida. Adormecida nos braços, nas pernas, nos lábios e nas bochechas. Eu escorreguei e não cai. Comemorei o prêmio com um abraço que nunca dei. Na manhã seguinte ainda enterramos os ossos. Dormi o sono dos bêbados e acordei com dor de garganta, chiado no peito e gosto de pneu na boca. Segunda-feira. Bom dia.

Wonder Woman


eu caio sobre as pessoas



Fico romântica


floor